Conselho de Estado francês proíbe espectáculo de Dieudonné em Nantes
O humorista está dentro de um teatro em cuja entrada está um cordão policial.
Dieudonné, revelam as agência noticiosas, está no interior do teatro onde deveria actuar perante cinco mil pessoas. Após a deliberação do tribunal de Nates, o ministro do Interior, Manuel Vals, dissera que ia pedir a uma alta instância para reverter a decisão.
Dieudonné abriu a polémica com um discurso anti-semita nos seus espectáculos que acompanha com um gesto, o quenelle (semelhante a um manguito) - há acusações de racismo e incitamento ao ódio contra o humorista. Os protestos sucederam-se e Vals anunciou que iria procurar uma solução na lei que impedisse Dieudonné de actuar. Algumas cidades, entre elas Nantes, fizeram o mesmo.
O espectáculo que Dieudonné tem em digressão chama-se O Muro - que os media franceses dizem ter uma série de referências discriminatórias para os judeus - e o tribunal de Nantes considerou que não consistia "um ataque à dignidade humana". O veredicto foi considerado uma vitória para Dieudonné (que se expressou nas redes sociais com uma frase, "Ganhámos"), e a principal organização judaica francesa disse que a decisão do tribunal foi "lamentável".
Associações judaicas francesas tinham anunciado a intenção de se manifestar à porta do Zénith de Nantes, dando argumentos aos que anteviam a possibilidade de confrontos antes ou depois do espectáculo.
A questão neste momento é saber se o humorista vai tentar realizar o espectáculo ou aceitar a decisão do Conselho de Estado. À porta do Zénith, momentos antes de se saber da decisão, já havia uma fila de gente, com algumas pessoas a procurarem ainda bilhetes.
Dieudonné, que se defende com o direito à liberdade de expressão, é filho de um camaronês e de uma francesa. Foi condenado várias vezes por incitação ao ódio racial e está habituado a provocar polémica com declarações sobre os judeus, Israel e os Estados Unidos. Mas a polémica nunca foi tão grande como agora, alimentada pela popularidade que ganhou a quenelle, que organizações judaicas interpretam como uma saudação nazi invertida.