Conselho de Estado francês proíbe espectáculo de Dieudonné em Nantes

O humorista está dentro de um teatro em cuja entrada está um cordão policial.

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Uma mulher à porta do teatro de Nantes com um cartaz a pedir um bilhete Stephane Mahe/Reuters

Dieudonné, revelam as agência noticiosas, está no interior do teatro onde deveria actuar perante cinco mil pessoas. Após a deliberação do tribunal de Nates, o ministro do Interior, Manuel Vals, dissera que ia pedir a uma alta instância para reverter a decisão.

Dieudonné abriu a polémica com um discurso anti-semita nos seus espectáculos que acompanha com um gesto, o quenelle (semelhante a um manguito) - há acusações de racismo e incitamento ao ódio contra o humorista. Os protestos sucederam-se e Vals anunciou que iria procurar uma solução na lei que impedisse Dieudonné de actuar. Algumas cidades, entre elas Nantes, fizeram o mesmo.

O espectáculo que Dieudonné tem em digressão chama-se O Muro - que os media franceses dizem ter uma série de referências discriminatórias para os judeus - e o tribunal de Nantes considerou que não consistia "um ataque à dignidade humana". O veredicto foi considerado uma vitória para Dieudonné (que se expressou nas redes sociais com uma frase, "Ganhámos"), e a principal organização judaica francesa disse que a decisão do tribunal foi "lamentável".

Associações judaicas francesas tinham anunciado a intenção de se manifestar à porta do Zénith de Nantes, dando argumentos aos que anteviam a possibilidade de confrontos antes ou depois do espectáculo.

A questão neste momento é saber se o humorista vai tentar realizar o espectáculo ou aceitar a decisão do Conselho de Estado. À porta do Zénith, momentos antes de se saber da decisão, já havia uma fila de gente, com algumas pessoas a procurarem ainda bilhetes.

Dieudonné, que se defende com o direito à liberdade de expressão, é filho de um camaronês e de uma francesa. Foi condenado várias vezes por incitação ao ódio racial e está habituado a provocar polémica com declarações sobre os judeus, Israel e os Estados Unidos. Mas a polémica nunca foi tão grande como agora, alimentada pela popularidade que ganhou a quenelle, que organizações judaicas interpretam como uma saudação nazi invertida.


 

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