Palestiniano lança carro contra plataforma de metro de superfície em Jerusalém
Dois mortos, incluindo o atacante, e 13 feridos no que a polícia israelita classificou como “ataque terrorista”.
Segundo a descrição das autoridades, que dizem tratar-se de um ataque terrorista, o condutor lançou-se contra a plataforma, e de seguida contra alguns carros que estavam por perto. Depois saltou da viatura e tentou escapar. Confrontado por um grupo de polícias, ainda tentou agredir alguns agentes com um pé-de-cabra antes de ser atingido com um tiro, disseram fontes policiais.
O movimento extremista Hamas elogiou “a operação heróica” e apelou a mais acções do género. Alguns analistas interrogam-se se não poderá estar a haver uma revolta palestiniana, não organizada, com ataques deste género, levados a cabo por uma só pessoa. O atacante foi identificado como Ibrahim al-Akri, residente de Jerusalém Leste.
Há cerca de uma semana, um ataque semelhante também no metro de superfície de Jerusalém matou uma mulher e um bebé.
Jerusalém é, já há meses, palco de confrontos diários entre manifestantes palestinianos e a polícia israelita.
O metro de superfície, que existe há três anos, acabou por ser um ponto de ataques e vandalismo, com os habitantes de Jerusalém Oriental, de maioria árabe, a verem a infra-estrutura como um meio de ligar Jerusalém Ocidental aos colonatos judaicos, deixando-os de parte.
Depois da morte de três adolescentes israelitas, raptados e assassinados por um membro do Hamas em Junho, e do assassínio de um adolescente palestiniano por extremistas israelitas logo de seguida, o metro foi um dos alvos preferidos de protestos dos palestinianos. Depois de, nestes motins, as máquinas de venda de bilhetes terem sido vandalizadas, não foram substituídas. Por isso, agora quase não há árabes nas carruagens do metro de superfície. Quando este passa nos bairros orientais, é por vezes atingido por pedras.
Confrontos no Pátio das Mesquitas
Antes do ataque no metro, dezenas de manifestantes árabes lançaram pedras e fogo-de-artifício contra a polícia israelita na entrada reservada a não-muçulmanos no Pátio das Mesquitas, no interior dos muros da Cidade Velha. Na altura, um grupo de visitantes, entre os quais alguns judeus, esperava para entrar.
Um dos pontos altos da tensão da semana passada foi quando um palestiniano tentou assassinar o activista Yehuda Glick, que faz campanha por maior acesso ao Monte do Templo, como os judeus chamam ao Pátio das Mesquitas, e a maior liberdade (os judeus podem lá entrar, mas não rezar). Glick pedia ainda a reconstrução do templo destruído (a única coisa que resta dos anteriores dois antigos templos bíblicos no local é parte do muro do segundo, destruído pelos romanos). O Pátio das Mesquitas, a que os muçulmanos chamam Nobre Santuário, é o terceiro lugar sagrado do islão, depois de Meca e Medina.
Depois de a polícia israelita ter morto o homem que atacou Glick, as autoridades israelitas restringiram durante umas horas todo o acesso ao Pátio das Mesquitas, no que o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, classificou como “uma declaração de guerra”. A última vez que uma restrição tão grande tinha sido decretada foi na altura em que Ariel Sharon, então líder da oposição, visitou o local, uma visita que é tida como um dos principais factores da segunda Intifada.
A Jordânia, um dos únicos dois países da região com acordo de paz com Israel (o outro é o Egipto), chamou o seu embaixador em Telavive “em protesto contra a escalada cada vez maior e sem precedentes no Nobre Santuário, e as repetidas violações israelitas em Jerusalém”, segundo a agência Petra.
As autoridades israelitas demoliram recentemente duas casas em Jerusalém Leste, invocando falta de autorização, e têm anunciado cada vez mais casas em colonatos judaicos em território ocupado, algumas em redor de Jerusalém ou mesmo na zona árabe da cidade.