Comité Central confirma expulsão de Bo Xilai do Partido Comunista
A decisão anunciada este domingo – que não constituiu uma surpresa – foi tomada numa reunião dos 500 políticos mais importantes do país, que teve lugar a menos de uma semana da realização do congresso que irá determinar a alteração de liderança no topo da hierarquia do partido.
Com a expulsão oficializada, Bo Xilai pode agora ser levado a tribunal, acusado de abuso de poder, corrupção e "relações impróprias com mulheres", tal como já tinha sido avançado pela agência oficial Xinhua em finais de Setembro.
Este domingo, a mesma agência escreve que o Comité Central "confirmou a decisão de expulsar Bo Xilai", que já se esperava há dois meses. Em Setembro, a Xinhua fez eco de uma declaração do Partido Comunista Chinês: Bo Xilai "abusou dos seus poderes [enquanto governador da província de Chongqing], cometeu erros muito graves e tem uma enorme responsabilidade." "As acções de Bo Xilai tiveram repercussões muito graves, que prejudicaram enormemente a reputação do partido e do Estado", prosseguia a declaração citada pela agência Xinhua.
A expulsão de Bo do Partido Comunista Chinês (PCC) e do Politburo (o segundo mais importante centro de decisões da política chinesa, a seguir à Comissão Permanente) é vista como um escândalo quase sem precedentes na história política da China e como a maior crise que o partido no Governo enfrenta desde o massacre na Praça Tiananmen, em 1989.
Antes da expulsão do PCC, Bo Xilai já tinha sido afastado da liderança do secretariado do partido na província de Chongqing, no dia 14 de Março.
Bo já foi um dos políticos mais populares do país e era visto como um forte candidato à entrada na restrita Comissão Permanente do Politburo, de que fazem parte apenas nove membros, entre os quais o Presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao. Para além das suspeitas de corrupção e da sua consequente expulsão do partido, Bo Xilai foi também apanhado no escândalo que levou à condenação da sua mulher, Gu Kailai, pelo homicídio do empresário inglês Neil Heywood.
Gu foi condenada em Agosto à pena de morte, com pena suspensa por dois anos, o que na prática equivale à prisão perpétua – a pena de morte será revista dentro de dois anos e poderá ser revogada por bom comportamento, embora Gu deva permanecer na prisão para o resto da sua vida.
Para além do caso de Bo Xilai, a reunião dos mais importantes líderes políticos da China serviu também para anunciar a expulsão do antigo ministro responsável pela linha ferroviária do país, Liu Zhijun, que tinha sido demitido no ano passado por alegadamente ter recebido quase 100 milhões de euros em subornos, estando agora a aguardar julgamento.