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Ataque com camião que matou 12 pessoas em Berlim investigado como terrorismo

Empresa polaca tinha perdido contacto com veículo. Há 12 mortos e pelo menos 48 feridos. Merkel diz estar “de luto”.

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Captura de ecrã de um vídeo amador DR
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Um camião investiu contra a multidão num mercado de Natal em Berlim, na Praça Breitscheid, uma das maiores da parte ocidental da cidade, numa zona pedonal, matando pelo menos 12 pessoas. Outras 48 ficaram feridas, num incidente cujos motivos não são ainda claros, mas que recorda de forma incómoda o ataque de Nice, a 14 de Julho.

O acesso de um camião àquela zona, próxima da Igreja Kaiser Williem, nem sequer era fácil – dificilmente poderia ser um acidente rodoviário. Desde o início que as autoridades avançaram com a explicação de poder tratar-se de um atentado terrorista, imitando deliberadamente o atentado de 14 de Julho, quando os franceses comemoravam o feriado nacional e Mohamed Lahouaiej-Bouhlel conduziu um camião de 19 toneladas contra a multidão que tinha acabado de assistir ao fogo-de-artifício no Passeio dos Ingleses, em Nice.

Aliás, há vários dias que era avançada na Alemanha a possibilidade de haver um atentado, inspirado pela propaganda do Daesh ou coordenado pelo grupo jihadista que combate na Síria e no Iraque, diz o jornal Die Welt.

“Houve uma forte detonação. Depois alguém me puxou pelo braço e ouvi gritos. Mesmo ao meu lado, alguém caiu ao chão e desatei a correr”, contou uma mulher loura que estava na praça, entre dois soluços, citada pelo jornal Berliner Morgenpost

O condutor do camião pôs-se em fuga, mas foi apanhado uma hora depois. A pessoa que seguia ao seu lado, no entanto, morreu quando o veículo investiu sobre a multidão, diz a Reuters. A polícia pede aos moradores de Berlim que se mantenham em casa, embora diga que não há sinais de mais riscos iminentes para a população.

A matrícula do camião era de Stettin, na Polónia, e a empresa não contactava com o condutor desde o meio-dia. “A pessoa que saiu do camião não é o meu motorista”, declarou à televisão polaca Ariel Zurawski. “Tenho a certeza, porque era o meu primo”, afirmou o proprietário da empresa, citado pelo Le Monde. Alguns media alemães estão a avançar que o passageiro do camião morto é polaco.

O camião devia ter descarregado num endereço em Berlim pelas 16h, mas não o fez. Segundo o Guardian, em Itália terá recebido uma carga de aço – se ainda tinha o aço a bordo, ter-se-á tornado ainda mais letal.

Merkel “de luto”

A chanceler Angela Merkel está “de luto”, anunciou o seu porta-voz, Steffen Seibert, na sua conta de Twitter. “Esperamos que os muitos feridos recebam ajuda”, afirmou, evocando “as notícias terríveis de Berlim”.

“Os franceses partilham o luto dos alemães”, respondeu o Presidente François Hollande. A segurança vai ser reforçada nos mercados de Natal franceses, temendo um ataque de natureza semelhante.

Washington condenou “o que parece ser um ataque terrorista” em Berlim e ofereceu ajuda americana à Alemanha. 

A investigação foi entregue à LKA – a sigla da Polícia Criminal Estadual de Berlim, embora o caso seja conduzido por um procurador federal, esclareceu o ministro da Justiça, Heiko Maas, através do Twitter.

O ataque aconteceu perto das 20h, quando o mercado estava com mais gente, com adultos e crianças que se juntam nas bancas de madeira tradicionais que vendem comida e outros produtos típicos de Natal, descreve a Reuters. Breitscheid fica perto de Kürfuerstendamm, uma das principais ruas de comércio da gigantesca capital alemã – juntas, a praça e a artéria formam o centro da antiga Berlim ocidental.

A cidade é muito conhecida pelos seus mercados de Natal: ao todo, uns 60 espalhados por diferentes bairros atraem turistas e berlinenses todos os dias nas semanas que antecedem o Natal.

Emma Rushton, uma turista britânica de visita a Berlim, contou à CNN que o camião articulado parecia vir a uma velocidade de 65 km/hora quando entrou na praça. “Ouvimos um grande barulho. Começámos a ver a parte de cima do camião a acelerar por entre as barraquinhas, por cima das pessoas…”

Ao contrário de grandes capitais europeias como Madrid, Londres e Paris, Berlim tem escapado ao terrorismo. Mas nos últimos meses as autoridades alemãs têm-se desdobrado em operações antiterrorismo, como a que em Outubro permitiu deter um sírio de 22 anos em Chemnitz, no Leste da Alemanha, e encontrar um local com material “altamente explosivo”.

Duas semanas antes, as forças de segurança alemãs tinham detido em Colónia três sírios por suspeita de terem sido enviados pelo Daesh (o autoproclamado Estado Islâmico) para atacar alvos na Alemanha. Nessa operação, que envolveu mais de 200 agentes, também foi apreendida “uma grande quantidade de material”.

Em Julho, houve três ataques cometidos por requerentes de asilo, dois dos quais se reclamaram membros do Daesh. Num destes atentados, um sírio de 27 anos a quem tinha sido negado o pedido de asilo e que sofria de problemas psiquiátricos fez-se explodir junto a um festival de música na Baviera, fazendo 15 feridos. Estes incidentes provocaram uma vaga de críticas contra Merkel, que no fim de 2015 decidiu abrir as portas aos refugiados sírios, com mais de 800 mil a entrar no país.

Antes, cinco pessoas foram esfaqueadas num comboio em Wurtzbourg e um adolescente, alemão de origem iraniana, matou nove pessoas em Munique – este atacante era “obcecado por assassínios em massa” e não tinha quaisquer ligações a grupos terroristas.

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