Polícia levantou recolher obrigatório mas continua à procura do suspeito

O primeiro suspeito morreu numa troca de tiros com a polícia, mas o segundo conseguiu escapar. 9000 agentes fazem a caça ao homem.

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Operação em Watertown, subúrbio a cerca de 10 quilómetros de Boston e foco da caça ao homem Brian Snyder/Reuters
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Os dois suspeitos do atentado. A polícia procura o da esquerda FBI/Reuters
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Equipas em campo em Watertown Jessica Rinaldi/Reuters
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Polícia aponta para apartamento. O suspeito estará armado e é considerado perigoso Jessica Rinaldi/Reuters

O chefe da polícia estadual de Massachusetts, Timothy Alben, deu uma conferência de imprensa às 18h (23h em Portugal) para anunciar que a polícia executou buscas numa área de 20 quarteirões em Watertown, onde o suspeito tinha sido visto pela última vez, mas que não tinha feito nenhuma detenção.

“Não fizemos uma apreensão do nosso suspeito esta tarde, mas isso vai acontecer”, disse Timothy Alben aos jornalistas. O chefe da polícia de Massachusetts informou que Dzhokhar Tsarnaev terá abandonado o jipe que a polícia perseguiu durante a madrugada de sexta-feira e escapou a pé. “Depois disso, não sei especificamente para onde ele foi”, admitiu Alben, acrescentando que acredita que Tsarnaev ainda se encontrava no estado de Massachusetts.

Na mesma conferência de imprensa, o governador de Massachusetts, Deval Patrick, levantou a ordem para os residentes de Boston não saírem à rua e os transportes públicos foram repostos. “Estamos confiantes de que podemos voltar a viver as nossas vidas”, disse o governador, apelando às pessoas para se manterem “vigilantes”.

“Não podemos continuar com uma cidade inteira ou um estado inteiro sob bloqueio”, disse Timothy Alben.

Este ponto da situação foi feito depois de a cidade de Boston ter sido palco de uma gigantesca caça ao homem, com uma perseguição pela noite dentro e manhã fora, com trocas de tiros, um suspeito morto e outro em fuga, um polícia morto e outro em estado grave.

Primeiro foram 12 quarteirões fechados em Newton (um subúrbio a cerca de 11 quilómetros do centro de Boston), onde se tinha dado a troca de tiros em que acabou por morrer o primeiro suspeito. Depois, as autoridades pediram a todos os habitantes de Boston para se manterem em casa, e não abrirem a porta a ninguém excepto a um polícia fardado. O pedido só foi levantado ao final da tarde (hora local).

Apesar do fim do recolher obrigatório, as autoridades continuam à procura de um suspeito de origem russa que já foi nomeado: Dzhokhar A. Tsarnaev, 19 anos (o outro atacante seria o seu irmão, Tamerlan). A imprensa americana diz que serão originários da Rússia, de uma região perto da Tchetchénia. A Associated Press diz que estavam nos EUA há cerca de dez anos, outros media dizem há mais de cinco anos. O pai, Anzor Tsarnaev, que mora na cidade russa de Makhachkala, falou com a Associated Press ao telefone dizendo que Dzhokhar é "um anjo". "Ele está no segundo ano de medicina nos EUA. É um rapaz muito inteligente", declarou - entretanto, começaram a ser divulgados os primeiros pormenores sobre os dois irmãos.

O espaço aéreo da zona metropolitana de Boston esteve fechado, os transportes públicos parados. Durante todo o dia não houve metro, nem autocarros, nem táxis. "Fiquem fechados em casa", pediram uma e outra vez as autoridades. O apelo dirigiu-se a quase um milhão de habitantes, segundo os media locais.

A operação envolve nove mil agentes. Tudo esteve focado no chamado "suspeito n.º 2" e em Watertown, onde a polícia levou a cabo buscas casa a casa. As televisões mostraram imagens de polícias a entrarem numa habitação que se presume ser a do suspeito e a levarem uma mulher para o exterior. A polícia pediu entretanto aos media para não comprometerem a operação ao transmitir as imagens das casas em que está a entrar. À tarde (cerca das 17h45 em Lisboa) a polícia estimava ter completado "60% a 70% por cento" das buscas. O responsável da polícia de Boston, Timothy Allen, disse que ainda havia, no entanto, "muito trabalho a fazer".

O "suspeito n.º 1", que aparecia nas imagens divulgadas pelo FBI com óculos escuros e boné preto, está morto, confirmou a polícia. O FBI tinha publicado, na quinta-feira à noite, fotografias e vídeos dos dois suspeitos e tinha pedido ajuda à população para a identificação dos suspeitos.

O homem terá morrido no hospital de Beth Israel, com vários ferimentos. 

Tudo isto se seguiu a um tiroteio, na noite anterior, em Cambridge, entre Boston e Watertown, no campus do MIT, que levou à morte de um polícia. A polícia confirmou que os suspeitos do atentado na maratona são também suspeitos da morte do polícia no MIT, tudo a acontecer num raio de cerca de 10 quilómetros. Na perseguição, um polícia de trânsito ficou ferido com gravidade.


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A perseguição acontece menos de uma semana depois do atentado que, na segunda-feira, atingiu a maratona de Boston (a mais antiga do mundo, com excepção da maratona olímpica). Duas bombas artesanais explodiram matando três pessoas e fazendo mais de 170 feridos, vários com amputações de pernas ou pés.

As últimas horas têm sido de uma tensão digna de filme. Um residente em Watertown, Andrew Kitzenberg, 29 anos, contou ao The New York Times que, da sua janela, viu parte da perseguição. Dois homens numa troca de tiros “constante” com a polícia.

Um veículo da polícia estava a ir contra os dois homens, mas estes dispararam contra ele, até os polícias perderem o controlo da viatura. Os dois suspeitos tinham ainda uma bomba, e “ainda no meio da troca de tiros, atiraram-na contra os polícias, mas não chegou muito longe”. Kiztenberg viu então os homens correr em direcção aos polícias. Não tem a certeza do que aconteceu ao primeiro, o segundo conseguiu entrar num veículo da polícia e fugir.

As autoridades não tinham a certeza se o suspeito terá deixado este carro e seguido a pé, ou se terá conseguido seguir a fuga noutro carro. Um carro suspeito, cuja matrícula tinha sido divulgada, foi entretanto apreendido.

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