Bombardeamentos matam dez civis em Donetsk

Número de vítimas não militares é o mais elevado num único dia desde o início de cessar-fogo.

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Efeitos do obus, no interior da escola Shamil Zhumatov/Reuters
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Chegada de ferido ao hospital JOHN MACDOUGALL/AFP

As autoridades governamentais e os rebeldes pró-russos acusam-se mutuamente dos bombardeamentos, que evidenciaram a fragilidade de um cessar-fogo que tem sido esporadicamente violado.

O obus que caiu no pátio da escola e o rocket que atingiu a viatura explodiram numa zona controlada por separatistas, a quatro quilómetros do aeroporto, de onde, nos últimos dias, os pró-russos têm tentado desalojar forças governamentais.

A administração regional nomeada pelo Governo de Kiev quantificou em dez o número de mortos. Os separatistas – que controlam grande parte da cidade – referem 12. 

Foi por volta das 10h locais (8h em Lisboa), que um obus atingiu o pátio da escola número 57, provocando a morte de quatro adultos e ferimentos em oito, segundo a administração regional, citada pela AFP. Testemunhas disseram à Reuters que entre as vítimas estão um professor e o pai de um dos alunos.

Quando o obus caiu, estavam na escola 50 a 60 crianças com idades entre os oito e os dez anos, segundo a informação recolhida pela Reuters. A administração regional pró-governamental informou que se encontravam na altura no local cerca de 200 pessoas. Em Donestk, o início das aulas foi atrasado um mês relativamente ao resto da Ucrânia, por motivos de segurança.

Repórteres da agência viram mais tarde poças de sangue e vidros espalhados no chão e sobre mesas. “Foi um pesadelo. Havia vidros a voar por toda a parte. As crianças ficaram assustadas e começaram a chorar”, contou uma professora, Lidia Sheiko.

Mais ou menos à mesma hora, numa rua próxima, um rocket atingiu um minibus numa paragem de autocarro, fazendo pelo menos seis mortos e um ferido.

No interior do veículo atingido, os jornalistas viram dois corpos carbonizados e dois outros tombados no chão. A uns 20 metros estavam mais dois. Rebeldes que se encontravam no local disseram que dois outros tinham já sido removidos.

O motorista , que ficou ferido numa perna, disse à AFP, no hospital da cidade, que, no momento da explosão, estavam no minibus cerca de 15 pessoas e que na paragem se encontravam três ou quatro. “Estava a chegar à paragem da rua Poligraficheskaia, ia abrir as portas para os passageiros poderem subir e descer. Houve uma explosão, ninguém compreendeu o que aconteceu”, contou Mikhail Drobotoune, 48 anos.

Os bombardeamentos ocorreram dez dias após o acordo de cessar-fogo entre o governo ucraniano e os rebeldes pró-russos que prevê a criação de uma zona tampão entre o Exército e o sector controlado pelos independentistas.

O número de vítimas civis desta quarta-feira foi o mais elevado num único dia desde o início de cessar-fogo assinado em Minsk, Bielorrússia, a 5 de Setembro. Mas desde essa data foram mortos 68 civis e militares, segundo o balanço da AFP.

A guerra na Ucrânia, que já fez cerca de 3500 mortos desde Abril, parece ter aumentado de intensidade desde o início da semana.

A NATO acusou na terça-feira a Rússia de manter “centenas” de soldados em território da Ucrânia, em apoio do campo separatista, apesar de ter já feito uma “retirada significativa”.  A Rússia desmente a presença de tropas suas na Ucrânia.

Os pró-russos controlam uma zona de cerca de 230 km por 160 km, que representa cerca de três por cento do território ucraniano e acolhe 9% da população do país.

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