Blogger saudita ainda não recuperou das primeiras 50 chicotadas
Médicos voltam a aconselhar adiamento da flagelação do saudita Raif Badawi, diz a Amnistia Internacional.
Segundo a Amnistia Internacional, os oito médicos que examinaram Badawi, detido desde 2012 e condenado em Novembro a mil chicotadas e a dez anos de prisão por desobediência à monarquia, aconselharam um novo adiamento do castigo.
Badawi fundou em 2008 o blogue Rede Liberal Saudita, para promover o debate social e político, despertando a atenção e a suspeita da ditadura – acabou por ser acusado por vários artigos, incluindo um onde a justiça considerou que ridicularizava a polícia religiosa do reino, a Comissão para a Prevenção da Virtude e Prevenção do Vício.
A sentença dita que as mil chicotadas sejam divididas por séries de 50, ao longo de 20 semanas. Mas a organização de direitos humanos que está a promover uma campanha mundial pela libertação de Badawi sabe que os médicos que o observaram no hospital Rei Fahd de Jidá, a cidade do jovem, recomendaram um novo adiamento.
“Em vez de continuarem a atormentar Raid Badawi, arrastando o seu sofrimento com avaliações sucessivas, as autoridades deviam anunciar publicamente o fim da flagelação e a sua libertação imediata e incondicional”, diz num comunicado Said Boumedouha, director-adjunto da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e o Norte de África.
“Raid Badawi continua em risco, não há forma de saber se as autoridades sauditas vão ignorar os conselhos médicos e permitir que a flagelação aconteça”, avisa ainda a organização.
As cicatrizes do saudita não terão ainda sarado – a sua mulher, Ensaf Haidar, exilada no Canadá com as três filhas do casal desde o fim de 2013, dissera que o jovem tem diabetes e não é muito forte fisicamente, temendo as consequências das chicotadas. Badawi fez 31 anos no dia 13 de Janeiro.
Entretanto, Haidar soube que o rei Abdullah enviou o caso do blogger para o Tribunal Supremo, o que pareceu abrir a hipótese de uma revisão da pena, mas não houve qualquer anúncio público por parte da Arábia Saudita.