Bersani demite-se da liderança do Partido Democrático

Líder do centro-esquerda não resiste a quatro derrotas dos seus candidatos na eleição para a Presidência da República.

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A demissão de Bersani aumenta o caos político em Itália Max Rossi/Reuters

“Não posso aceitar o gesto gravíssimo contra Prodi”, disse Bersani, sobre a votação desta sexta-feira, em que o ex-primeiro-ministro não recolheu sequer 400 votos. “A minha demissão será efectiva um minuto depois da eleição do Presidente da República”, disse o líder do PD, citado pelo Corriere della Sera.

“Um em cada quatro de nós foi um traidor. Isso é inaceitável para mim”, disse Bersai aos deputados do centro-esquerda, citado pela agência AGI.

A demissão de Bersani aumenta o caos político em Itália, onde mais de 50 dias após as eleições legislativas o líder do centro-esquerda ainda não conseguiu formar Governo.

O impasse alastrou agora à eleição do Presidente da República. O mandato de Giorgio Napolitano termina a 15 de Maio, mas nas primeiras quatro votações no Parlamento não houve fumo branco.

Romano Prodi foi o candidato apresentado nesta sexta-feira por Bersani. Não chegou aos 400 votos, quando o primeiro candidato do PD, Franco Marini, conseguira na véspera ultrapassar os 500.

Prodi conseguiu 395 votos, o que significa que 100 eleitores (elegem o chefe de Estado, deputados, senadores e representantes das regiões) ignoraram Pier Luigi Bersani. Igualmente significativos foram os 213 votos no jurista e ex-deputado do Partido Comunista Stefano Rodotà, o candidato proposto pelo Movimento 5 Estrelas (do humorista Beppe Grillo), que só detém 163 eleitores – muitos no centro-esquerda preferem Rodotà, o que já ficara manifesto na votação de quinta-feira, quando perto de 200 não votaram em Marini.

Bersani avançou com o nome de Marini depois de Silvio Berlusconi, o líder do centro-direita (Povo da Liberdade), o ter escolhido de uma lista de três nomes. Bersani cedeu o direito de decisão a Berlusconi em nome de um compromisso que, depois, não seria cumprido – afinal, Prodi, antigo primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia, é o grande inimigo político de Berlusconi.

Neste sábado será feita a quinta votação para tentar encontrar um novo chefe de Estado. Maximo D’Alema é um dos nomes falados, afastada a possibilidade de o PD recuperar Prodi depois da humilhação desta sexta-feira.

O centro-esquerda, que junta o PD e outras formações como o Ecologia e Liberdade, de Nichi Vendola, tem votos suficientes para eleger um Presidente, sendo que na quarta votação, nesta sexta-feira à tarde, já só era necessária uma maioria simples de 504 votos para que um fosse eleito (até à quarta votação, o candidato necessita de dois terços dos 1007 votos). O Presidente é eleito no Parlamento, numa votação que junta a câmara baixa, o Senado e ainda delegados regionais.

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