Berlusconi pode pedir para cumprir pena com trabalho comunitário
Antigo primeiro-ministro tem rejeitado cenário que o torna igual a "um criminoso qualquer". Eventual mudança de estratégia dá-lhe uma grande "oportunidade de propaganda".
“Se não houver mudança de estratégia, até ao fim da próxima semana vamos apresentar um pedido de trabalho comunitário para Silvio Berlusconi”, disse o advogado Franco Coppi à agência noticiosa ANSA.
A declaração do advogado, no sábado, contradiz anteriores afirmações do ex-chefe do Governo, que chegou a dizer não querer cumprir trabalho comunitário “como um criminoso qualquer”.
Apoiantes de Berlusconi vêem desvantagens na opção pelo trabalho comunitário, por ser entendido como admissão de culpa e manifestação de desejo de reabilitação, o que contraria a anterior estratégia do Cavalliere.
Mas a prestação de trabalho comunitária teria, como notou o diário britânico The Guardian, a vantagem de dar ao empresário e político italiano uma visibilidade que a prisão domiciliária não lhe permitiria ter. Berlusconi continua a ter ambições políticas, apesar de recentes revezes. Seria uma grande “oportunidade de propaganda”, escreveu o comentador Jacopo Iacobini, no jornal italiano La Stampa.
Ainda que se confirme a mudança de estratégia, a vontade de Berlusconi não basta. A decisão final caberá sempre ao juiz do processo, que deverá pronunciar-se até ao fim do mês.
O Supremo Tribunal rejeitou a 1 de Agosto o segundo e último recurso de Berlusconi, 77 anos, num processo por fraude fiscal no grupo de comunicação de que é proprietário, o Mediaset. Foi a primeira condenação definitiva numa longa história de disputas com a justiça.
Os quatro anos da condenação inicial foram reduzidos a um ano, devido a uma amnistia aplicável a crimes menores. E os seus advogados confiam mesmo numa redução da pena para nove meses, por bom comportamento. Por ter mais de 70 anos, Berlusconi pode cumprir a pena em prisão domiciliária.
A semana passada foi particularmente difícil para Berlusconi. Depois de ter anunciado a intenção de derrubar o Governo integrado por membros do seu partido, o Povo da Liberdade (PdL), protagonizou uma espectacular reviravolta política, apoiando uma moção de confiança ao executivo para evitar cisões. Uma comissão do Senado aprovou também a sua expulsão, que terá de ser votada pelo plenário mas que, a ser confirmada, pode ditar o fim da sua carreira política.