Beber durante o Ramadão? A polémica está instalada

Decreto de religioso iraniano aconselha a beber quando se está com "sede extrema". É proibido.

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Reuters

"Aquele que não conseguir suportar a sede pode beber apenas o suficiente para saciar a sua sede", escreveu o grande ayatollah Assadolah Bayat Zanjani, citado pela AFP, próximo dos reformadores, em pleno mês do Ramadão.

Imediatamente o seu decreto foi criticado por outro chefe religioso, Nasser Makarem Shirazi, que excluiu qualquer possibilidade de beber durante o jejum. Esta é uma regra comum a todos os muçulmanos. Também o xeique David Munir, da Mesquita de Lisboa, confirma que nenhum crente que esteja a jejuar durante este mês possa beber seja o que for. "Beber água propositadamente quebra o jejum", diz ao PÚBLICO.

"Uma pessoa que tenha sede e se esteja a sentir mal quebra o jejum e bebe, mas não pode continuar depois disso", sublinha Munir.

Zanjani justifica a sua decisão com as condições climatéricas e geográficas. Este Verão, o jejum pode durar 16 horas, alega, segundo a AFP. Em Portugal, o tempo de jejum é maior do que no Irão, responde David Munir, informando que este é feito desde o nascer ao pôr do sol. Portanto, desde as 4h25 da madrugada até às 21h00. "No Irão o dia é mais curto [do que em Portugal], portanto, o jejum é mais curto", acrescenta o xeique.

Aquele que adoecer ou que tenha uma doença e essa se agrave; ou aquele que "não suporta a sede extrema", como os que têm longas jornadas de trabalho, podem beber sem quebrar o jejum, defende Zanjani.

Munir responde que não, embora reconheça que há quem não possa fazer jejum - por exemplo, os diabéticos, asmáticos ou doentes do estômago que precisam de comer com mais frequência. Também quem adoece durante o Ramadão deve parar de jejuar. Ninguém deve colocar a sua vida em perigo por causa desta regra religiosa.

Além de não ingerirem alimentos sólidos ou líquidos, durante o Ramadão, os muçulmanos não devem fumar ou ter relações sexuais até ao pôr do sol.
 
 

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