Radicais do Estado Islâmico reivindicam ataque ao museu de Tunes
Quatro pessoas detidas já foram detidas. Autores do ataque ao museu de Tunes são tunisinos.
A mensagem explica que o ataque ao museu foi levado a cabo “por dois cavaleiros do Estado do Califado, fortemente armados com metralhadoras e granadas”. Os jihaditas são identificados pelos seus nomes de guerra, “Abou Zakaria Al-Tounsi” e “Abou Ans Al-Tounsi”, o que confirma implicitamente a sua nacionalidade tunisina, algo que já tinha sido avançados pelas autoridades.
A mesma mensagem, citada pelo Le Monde, confirma que o alvo do ataque foi mesmo o museu Bardo (e não o parlamento, situado nas imediações e que também foi alvo de tiros), com o objectivo de “fazer entrar o terror no coração dos infiéis”.
O Estado Islâmico promete, na mesma mensagem, outras acções em solo da “Tunísia muçulmana”.
As detenções dos suspeitos de envolvimento no ataque foram confirmadas pelo gabinete do Presidente, que em comunicado informou que a polícia tinha interpelado nove indivíduos suspeitos de associação aos dois atacantes que foram mortos durante o cerco policial ao museu. “As forças de segurança detiveram quatro elementos directamente relacionados com a operação (terrorista) e interrogaram outros cincos suspeitos de estarem associados a esta célula”, avançou a presidência, sem divulgar as identidades dos detidos nem precisar os crimes de que são suspeitos.
Os dois atacantes mortos foram já identificados como Yassine Labidi e Hatem Kachnaoui. Segundo o primeiro-ministro, Habib Essid, Labidi era “conhecido dos serviços de segurança”, e já sido “monitorizado” no passado, embora actualmente não estivesse debaixo de vigilância. Em declarações à rádio francesa RTL, Essid manifestou a sua confiança nas investigações em curso, que na sua opinião deverão rapidamente indicar se os atacantes estão ligados a alguma organização terrorista. Na mensagem áudio onde o ataque é reivindicado, citada pela Reuters, os dois homens são referidos como "dois cavaleiros do Estado Islâmico".
O ataque, que durou perto de três horas, ainda não foi reivindicado. Os atiradores aproximaram-se com armas de assalto de autocarros que chegavam ao museu, uma das principais atracções turísticas de Tunes, a capital do país, e dispararam indiscriminadamente.
Já na manhã desta quinta-feira o ministro da Saúde tunisino, citado pela Reuters, actualizou o número de mortos: 20 turistas e três tunisinos, um deles polícia. Entre os mortos já identificados há quatro turistas italianos, um francês, dois colombianos, cinco japoneses, um polaco, um britânico, um australiano e um espanhol. Os atiradores refugiaram-se num jardim do museu com reféns.
O Presidente da Tunísia, Béji Essebsi, declarou o país em “estado de guerra” e mobilizou o Exército para colaborar com a polícia em operações de segurança em vários pontos do país. O país encontra-se em estado de alerta máximo, com o objectivo declarado de “erradicar o terrorismo”.
Há dois anos que as autoridades tunisinas estão envolvidas numa missão contra a Falange Okba Ibn Nafaâ, um grupo jihadista alegadamente ligado à Al-Qaeda no Magrebe Islâmico e cuja actividade se concentra na fronteira com a Argélia.
Segundo a imprensa francesa, a polícia tunisina também confirmou ter recebido uma sucessão de ameaças contra a segurança nos últimos meses, após o regresso ao país de jihadistas que terão combatido nas fileiras do Estado Islâmico e outras organizações terroristas na Síria, no Iraque e na Líbia.
Na capital Tunes, têm-se repetido as manifestações sob o lema “Unidade nacional contra a ameaça terrorista”, com a população a dar conta da sua inquietação e ao mesmo tempo da sua vontade em não se deixar intimidar ou enredar pelo medo.
Um país “em guerra contra o terror"
Os jornais tunisinos desta quinta-feira dão conta do choque após o massacre no museu e apelam à unidade nacional no combate a qualquer tipo de terrorismo. O atentado não foi ainda reivindicado.
"A mobilização deve ser geral, a coesão total e o sentimento de responsabilidade deve ser partilhado por todos", diz o La Presse. "Instituições do Estado, sociedade civil, meios de comunicação social e cidadãos devem agir como um só corpo para que o interesse da pátria esteja acima de todas as considerações políticas, partidárias, corporativas e ideológicas", acrescenta este diário.
"Estes terroristas quiseram mostrar que são capazes de atacar o centro da capital e não apenas as regiões montanhosas na fronteira com a Argélia", sublinha o Le Quotidien, referindo-se aos jihadistas que o exército tunisino tenta neutralizar há mais de dois anos.
"Estas minorias não nos assustam", disse o Presidente Essebsi, numa comunicação ao país. "Vamos resistir até ao fim e sem misericórdia. A democracia vai vencer e sobreviver."