Austríaco condenado a nove anos de prisão por glorificar o nazismo num site

Gottfried Kuessel e dois cúmplices alimentaram uma página na Internet em que defendiam Hitler e o anti-semitismo.

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Kuessel quando foi condenado a 11 anos de prisão em 1993 Heinz-Peter Bader/Reuters

Durante o julgamento, Kuessel argumentou que não fez nada de errado e que tinha iniciado uma nova etapa, depois de já ter sido condenado na década de 1990 por actividades em defesa do nazismo. Iniciativas desta índole são consideradas crime na Áustria e podem ser punidas com penas até 20 anos de prisão.

O advogado de Gottfried Kuessel anunciou que vai recorrer da decisão. Michael Dohr, em declarações à rádio austríaca ORF, citadas pela agência Reuters, disse esperar que a sentença seja revogada e Kuessel absolvido perante as “fracas provas” apresentadas pela acusação. “Só existiram provas circunstanciais, nada mais”, reforçou nesta sexta-feira, um dia depois de conhecida a sentença.

Kuessel foi detido em Abril de 2011 por ter criado o site Alpen-Donau que, em Março do mesmo ano, já tinha sido encerrado. A detenção ocorreu depois de as autoridades terem apreendido documentos, discos rígidos, armas e propaganda nazi durante buscas a habitações em Viena e na província de Styria. Depois de pedirem apoio às autoridades norte-americanas, a polícia austríaca conseguiu aceder aos servidores, localizados nos Estados Unidos.

Esta não é a primeira condenação de Kuessel e de outras pessoas acusadas de defenderem ou exortarem a doutrina de Hitler na Áustria. No país anexado pela Alemanha em 1938 e onde o anti-semitismo levou à morte de milhares de judeus austríacos, Kuessel já tinha sido condenado a 11 anos de prisão, em 1993, por ter fundado e liderado o grupo Volkstreue Ausserparlamentarische Opposition (VAPO), grupo de oposição extraparlamentar leal ao povo.

Com o VAPO, Kuessel tentou recuperar a ideologia do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, o partido nazi de Hitler. Após a sua detenção, o VAPO foi acusado de ter lançado uma campanha de vingança, enviando cartas-bomba para algumas figuras públicas austríacas. O presidente do município de Viena na altura, Helmut Zilk, foi uma das vítimas, tendo perdido os dedos de umas das mãos num desses ataques.

Kuessel acabou por ser libertado por bom comportamento, seis anos depois de ser condenado. 

Outra das condenações ocorreu em 2009, quando Gerd Honsik, 71 anos, fundador do grupo Frente Nacional e membro de movimentos contra a imigração, foi sentenciado com uma pena adicional de dois anos de prisão, quando já se encontrava a cumprir quatro anos por propagandear a negação do Holocausto e escrever artigos a defender Hitler e o anti-semitismo. Gerd Honsik conseguiu a liberdade condicional em 2011.
 
 
 

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