Augusto Pinochet tinha contas no Banco Espírito Santo da Florida
O escândalo das contas de Pinochet nos Estados Unidos foi revelado durante uma investigação ao Banco Riggs, por suspeita de lavagem de dinheiro.
Para além de 28 contas no Banco Riggs, Pinochet tinha 97 contas em outros estabelecimentos bancários nos Estados Unidos, entre os quais o Banco Espírito Santo da Florida, o Banco do Chile e o grupo Citicorp. O relatório da comissão de investigação indica que o ex-ditador chileno recebeu transferências no montante de 3,91 milhões de dólares (2,9 milhões de euros) entre 1991 e 2000 nas contas abertas no banco português.
O caso remonta a Julho do ano passado, quando a comissão do Senado anunciou que o antigo ditador chileno tinha cerca de oito milhões de dólares (seis milhões de euros) em várias contas no Banco Riggs.
Em Janeiro deste ano, o banco admitiu ter ocultado a existência das contas em nome do ex-ditador e aceitou pagar uma multa de 31 milhões de dólares (23 milhões de euros) por violação das leis anti-branqueamento de capitais, aprovadas depois do 11 de Setembro de 2001.
Mas a investigação prosseguiu e veio a detectar "que a rede financeira de Pinochet nos Estados Unidos era bem mais alargada e envolvia muitas mais instituições bancárias" do que tinha sido anunciado, revelou o senador democrata Carl Levin, um dos responsáveis pela comissão de investigação.
O documento é especialmente duro para com o Citibank, que abriu 63 contas para Pinochet e a sua família nos últimos 23 anos.
Os funcionários bancários responsáveis por estas contas alegaram que nem sabiam que os titulares de algumas delas (em nome de José Ramon Ugarte e José Pinochet Ugarte) estavam relacionados com o ex-ditador. "É uma falha espantosa não se saber quem é o seu cliente", comentou uma investigadora da comissão.
Os bancos "ajudaram um ditador estrangeiro a esconder os recursos do seu próprio povo", acusou o senador Carl Levin em conferência de imprensa.
Apesar das informações sobre o regime de Pinochet, nomeadamente as mortes e desaparecimentos de opositores, e das declarações do Departamento de Estado norte-americano sobre os abusos cometidos, nenhuma das instituições financeiras se interrogou sobre de onde vinha o dinheiro que entrava e saía das contas do ex-ditador, acrescentou Carl Levin.