Irmãos Tsarnaev planeavam atacar a 4 de Julho

Autores do atentado na maratona de Boston ponderavam ataque suicida mas optaram por outro tipo de explosivos que ficaram prontos mais cedo. Informação terá sido dada pelo suspeito de 19 anos que sobreviveu e que está detido.

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Imagem divulgada pelo FBI dos explosivos ocultados pelos três amigos dos irmãos Tsarnaev, entretanto detidos AFP/FBI

A informação está a ser avançada por órgãos de comunicação norte-americanos, incluindo o The New York Times, que explicam que os dois suspeitos terão terminado a preparação das bombas mais cedo do que o previsto. Por isso, decidiram antecipar a data do ataque e fazê-lo coincidir com outro dos eventos emblemáticos de Boston, a maratona anual.

De acordo com o The New York Times, que cita fontes próximas da investigação, Dzhokhar Tsarnaev, 19 anos, que sobreviveu à perseguição policial e que está detido, disse aos investigadores do FBI que ambos planeavam o ataque para 4 de Julho e não excluíam a hipótese de se fazerem explodir também.

Dzhokhar explicou que o irmão, Tamerlan Tsarnaev, de 26 anos – morto durante a perseguição policial –, optou por outro tipo de explosivos mais artesanais. Este material, além de ter sido feito mais depressa, podia ser accionado à distância. As duas panelas de pressão com explosivos fizeram três mortos e mais de 280 feridos, muitos dos quais continuam hospitalizados e em estado considerado grave.

Bombas no apartamento do casal
As bombas foram feitas no apartamento de Tamerlan em Cambridge – onde também vivia a mulher de 24 anos e a filha – e como o dia 15 de Abril também tem muito significado no estado de Massachusetts, optaram por antecipar os planos. Nesta semana a polícia deteve mais três pessoas, todos amigos dos irmãos de origem tchetchena, por terem obstruído as investigações.

Azamat Tazhayakov e Dias Kadyrbayev, ambos de 19 anos, são acusados de obstrução à justiça, por alegadamente terem feito desaparecer do quarto de Dzhokhar Tsarnaev uma mochila e um computador que pertenciam a este suspeito. Um terceiro colega de Dzhokhar, o americano Robel Phillipos, foi acusado de prestar falsas declarações (terá mentido à polícia sobre o facto de terem ido ao quarto do suspeito).

Um grupo de agentes especiais do FBI esteve também na segunda-feira durante cerca de 90 minutos na casa dos pais de Katherine Russell, viúva do irmão mais velho. Foram recolhidas amostras de ADN da mulher que está ali a viver desde os ataques, para serem comparadas com outros vestígios de ADN feminino encontrados numa das bombas do atentado – isto apesar de, desde o início, Katherine negar conhecer os planos do marido, escreveu o Washington Post. Fontes judiciais citadas pelo mesmo diário norte-americano explicaram que os investigadores encontraram ADN feminino numa das bombas dos atentados e que querem agora esclarecer se poderá pertencer a Katherine Russell.

Dzhokhar confessou a autoria do atentado da maratona, justificando-os com as guerras americanas no estrangeiro, mesmo antes de lhe terem sido lidos os seus direitos – uma formalidade que foi excepcionalmente dispensada dado o tipo de crime que estava em causa. A acusação pelo uso de armas de destruição em massa foi feita quando Dzhokhar ainda estava na cama de hospital e, apesar de no estado em que ocorreram os ataques a pena de morte ter sido abolida, este tipo de crime está entre as excepções que podem conduzir à pena capital.

Seguidores de Anwar al-Awlaki
O irmão de 19 anos terá, ainda, confessado à equipa de investigadores que tanto ele como o irmão viram através da Internet alguns discursos do clérigo radical islâmico Anwar al-Awlaki, que nasceu nos Estados Unidos e se tornou um dos líderes da Al-Qaeda na Península Arábica, acabando por ser morto pelos norte-americanos em 2011 no Iémen.

Segundo a BBC, o corpo de Tamerlan Tsarnaev foi reclamado pela família para se poder proceder às cerimónias fúnebres, das quais não se sabem pormenores. Um porta-voz do Departamento de Segurança Pública de Massachusetts disse que o corpo foi levantado na quinta-feira por uma agência funerária contratada por parentes. Os detalhes da autópsia também não foram  divulgados, sabendo-se apenas que o irmão mais velho morreu durante a troca de tiros com as autoridades policiais enquanto o mais novo conseguiu escapar.
 

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