Até ao final do mês Síria deixará de conseguir produzir armas químicas
Inspectores internacionais acreditam que estão em condições de cumprir dentro dos prazos previstos a primeira fase do plano de eliminação.
A Síria “vai deixar de ter capacidade para produzir mais armas químicas, e deixar de ter qualquer equipamento funcional para misturar ou injectar agentes químicos em munições”, disse o porta-voz da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), numa conferência de imprensa quarta-feira em Haia, a uma semana de expirar o primeiro prazo imposto à Síria.
Michael Luhan adiantou que, desde o início do mês, as duas equipas de peritos da OPAQ e da ONU já visitaram 18 instalações associadas ao programa de armas químicas – na segunda-feira, a organização adiantara que 14 delas estão já inoperacionais. A lista que Damasco entregou em Setembro à ONU permanece secreta, mas calcula-se que incluirá cerca de duas dezenas de locais, a quase totalidade em zonas controladas pelo regime do Presidente Bashar al-Assad.
Os inspectores reafirmam que o Governo sírio tem cooperado com a missão, mas a situação é mais difícil nas zonas sob controlo dos rebeldes. Os peritos não conseguiram até agora visitar nenhum dos locais situados nessas áreas e que, apesar de se suspeitar que foram esvaziados pelo regime antes do início dos combates, terão ainda assim de ser inspeccionadas.
Sigrid Kaag, nomeada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para coordenar a missão conjunta da ONU e da OPAQ, emitiu terça-feira um comunicado dizendo que “a destruição expedita” das armas químicas sírias é uma montanha que os inspectores só agora começaram a escalar. “Os calendários são desafiadores tendo em conta o objectivo de eliminar o programa de armas químicas na primeira metade de 2014”, afirmou.
A primeira fase do plano acordado entre russos e norte-americanos – que evitou a ofensiva americana contra Damasco e que acabaria confirmado pelo Conselho de Segurança – prevê que todas as unidades do programa sírio sejam seladas e o equipamento usado para o fabrico de armas químicas seja destruído até Novembro. A etapa mais difícil começará depois, com a eliminação do que se calcula ser uma tonelada de compostos químicos e ogivas com agentes tóxicos. Esta etapa, que além de arriscada irá pela primeira vez decorrer enquanto o país é devastado por uma guerra, terá de estar concluída até ao final do próximo mês de Junho.
Centenas de pessoas – mais de 1300 segundo os serviços secretos dos EUA – morreram a 21 de Junho, num ataque com armas químicas contra subúrbios de Damasco em poder dos rebeldes. Uma investigação da ONU confirmou que foi usado gás sarin no ataque, o pior dos últimos 25 anos.