Arábia Saudita aperta o cinto e aumenta 50% a gasolina

Confrontada com um défice recorde por causa da queda do preço do petróleo e da guerra no Iémen, monarquia tenta fazer cortes

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“A nossa economia tem o potencial para responder aos desafios”, assegurou o rei Salman AFP

A Arábia Saudita apresentou um orçamento de austeridade forçado pela queda do preço do petróleo e, pela primeira vez, aumentou o preço da gasolina em 50%, cortando nos subsídios que, até agora, faziam deste país aquele em que é mais barato encher o depósito do carro.

Um litro de gasolina sem chumbo 95 aumentou de 14 cêntimos de euro para 22 cêntimos, com as medidas extraordinárias do Orçamento do Reino para 2016, para reduzir o défice recorde de 2015, no valor de 89.200 milhões de euros, para 79.300 milhões de euros no ano que vem.

O Fundo Monetário Internacional tinha alertado, em Outubro, que as arcas do tesouro saudita se esvaziariam dentro de cinco anos se Riad não começasse a apertar o cinto. A Arábia Saudita, o maior produtor mundial de petróleo, e aliado histórico dos Estados Unidos, manteve os níveis da sua produção petrolífera, apesar dos preços nos mercados internacionais terem caído mais de 60% desde 2014.

O objectivo saudita é travar a vaga da extracção do petróleo não convencional, extraído de depósitos de xisto betuminoso, uma rocha sedimentar que existe em vários locais do planeta. O aumento do preço do petróleo tornou lucrativa esta exploração – e transformou os EUA no maior produtor mundial de petróleo em 2015. Mas começa já a verificar-se uma contracção, porque há excesso de produtores numa indústria que exige investimentos pesados.

O plano saudita é aguardar por uma nova reconfiguração do mercado petrolífero – mas sem esperar que isso aconteça já. “A nossa economia tem o potencial para responder aos desafios”, assegurou o rei Salman, que subiu ao trono em Janeiro passado.

Mas até que ponto a monarquia poderá efectuar cortes, quando o contrato social saudita se baseia na garantia de serviços públicos gratuitos ou muito baratos para a população, e onde a maioria dos cidadãos trabalha na função pública. O Governo prometeu fazer cortes na Administração Pública no valor de 110 mil milhões euros – mas não especificou de que forma, diz a Reuters.

“Temos de explicar ao povo que isto é para seu bem… É importante que compreendam que se não fizermos agora as reformas, vai ser mais difícil garantir que os seus filhos tenham uma vida boa”, comentou Fawaz al-Alamy, ex-vice-ministro do Comércio e da Indústria, citado pela Reuters.

A liderar as mudanças económicas – tal como a guerra no Iémen – está o filho do rei Salman, o príncipe Mohamed. Preside a uma supercomissão para a economia e exigiu uma série de reformas para revitalizar o sector privado, fazer cortes no Estado e levar mais sauditas para o mercado de trabalho. E também quer introduzir o IVA.

Mas a complicar as contas está precisamente a guerra no vizinho Iémen, que ninguém sabe quanto custa: o ministro da Economia e Planeamento disse que só custou 4850 milhões de euros até agora, mas no Orçamento de 2016 está inscrita uma verba total de 52 mil milhões de euros para defesa e segurança, sublinha a Reuters.

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