Antigo conselheiro gravou reuniões confidenciais e conversas privadas com Sarkozy

O caso, já conhecido como "Sarkoleaks", surge a apenas três semanas das eleições autárquicas em França. O antigo Presidente diz sentir-se "traído".

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O antigo Presidente e o conselheiro Patrick Buisson LIONEL BONAVENTURE/MIGUEL MEDINA

As conversas, reveladas nesta quarta-feira pelo jornal satírico Le Canard Enchainé e pelo site de notícias Atlantico dizem respeito a reuniões que decorreram nos dias 26 e 27 de Fevereiro de 2011, a segunda das quais no Palácio do Eliseu.

Numa das gravações, Sarkozy manifesta o seu desagrado com a ideia de substituir o então primeiro-ministro, François Fillon, por Jean-Louis Borloo, o ministro da Ecologia que tinha saído há poucos meses do executivo numa remodelação governamental – e que acabou por se afastar do partido de Sarkozy, a UMP, em desacordo com a viragem mais pronunciada à direita do então Presidente francês.

O homem que gravou esta conversa – e muitas outras, que deverão ser divulgadas nos próximos tempos – é Patrick Buisson, o conselheiro mais à direita na equipa de Sarkozy e apontado em várias ocasiões, principalmente pela revista Le Point, como fonte de várias fugas de informação. Buisson sempre negou ter passado informações confidenciais a jornalistas, mas o escândalo que estalou nesta quarta-feira começou a ganhar forma no mês passado, quando a Le Point voltou à carga e o acusou de ter gravado secretamente várias reuniões em que o então Presidente esteve presente.

Pouco se sabe do que poderá ser divulgado nos próximos dias ou semanas sobre este caso, que já é conhecido como "Sarkoleaks". Sabe-se apenas, de acordo com Henri Guaino, um outro antigo conselheiro de Nicolas Sarkozy, que "haverá dezenas, centenas de horas de gravações". Numa declaração aos jornalistas, Guaino não comentou o conteúdo das gravações, mas afirmou que o facto de as conversas terem sido registadas sem o conhecimento dos presentes o deixou "enojado".

Dois antigos primeiros-ministros da UMP (centro-direita), Jean-Pierre Raffarin e François Filllon, resumem o sentimento que se tem espalhado pelo país ao longo do dia. Se, por um lado, o conteúdo das conversas "não é suficiente para cair da cadeira", como diz Raffarin, por outro, o comportamento de um dos conselheiros mais próximos de Nicolas Sarkozy é "repugnante", afirma Fillon. O próprio Sarkozy sente-se, acima de tudo, "traído" pelo seu antigo conselheiro, diz Henri Guaino, que classifica as gravações como "uma forma de violação".

Depois de as gravações terem sido divulgadas, Patrick Buisson já veio admitir que foi ele o responsável, mas afirma que apenas registava as conversas porque não conseguia tirar notas. Segundo o seu advogado, a maioria das gravações foi destruída, mas algumas delas "foram roubadas" e surgiram nesta quarta-feira no Le Canard Enchainé e no Atlantico.

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