Angola está a fazer o primeiro censo desde que é independente
Até ao fim do mês, o país vai contar os seus cidadãos e procurar saber em que condições vivem, pela primeira vez em 44 anos.
Estima-se que a população actual seja de 21 milhões de pessoas, mas este é o primeiro censo em Angola desde que o país obteve a independência de Portugal, em 1975, e depois viveu uma longa guerra civil de 27 anos. Se Angola é o segundo maior produtor de petróleo em África desde 1979, a pobreza afecta pelo menos 36% da população, segundo os números oficiais.
Num discurso transmitido na televisão, o Presidente José Eduardo dos Santos disse que o censo permitirá coordenar a luta contra a pobreza. “O caminho a percorrer ainda é longo até alcançarmos o bem-estar e prosperidade para todos. Precisamos também de saber quantos somos e onde estamos, como primeiro passo para organizarmos melhor a nossa sociedade”.
Os resultados finais, tratados pelo Instituto Nacional de Estatística angolano, só devem estar prontos dentro de 18 meses. Mas haverá dados provisórios sobre a dimensão da população por sexo e por província dentro de três a quatro meses, disse o director do instituto, Camilo Ceita, citado pela agência Reuters.
“A participação da população é crucial para o sucesso do censo”, afirmou Kourtoum Nacro, representante do Fundo das Nações Unidas para a População em Angola, numa conferência de imprensa que assinalou o início do censo. “Há muito a fazer para informar os habitantes, que não estão habituados a esta prática, e uma grande parte é analfabeta e não compreende qual é o interesse desta operação”, afirmou a especialista da ONU, citada pela AFP.
Em 1970, quando foi realizado o último censo, ainda Angola estava sob administração portuguesa, viviam 5,6 milhões de pessoas no território que é hoje o sétimo maior país africano, com 1250 milhões de quilómetros quadrados.