Alemanha prepara acusação para 50 guardas de Auschwitz
Ter trabalhado no campo será motivo para processo por cumplicidade em assassínios.
A informação foi dada pelo chefe do gabinete responsável pela investigação dos crimes cometidos pelos nazis, Kurt Schrimm. Segundo Schrimm, o veredicto de culpado do tribunal de Munique aplicado a John Demjanjuk, por ter sido cúmplice nos assassínios cometidos no campo de Sobibor, em que era guarda mesmo não estando provada uma acção directa, abriu caminho a mais acusações.
“A partir de agora, qualquer actividade num campo de concentração é suficiente para se ir a julgamento por cumplicidade em assassínio”, explicou o responsável ao Westdeutsche Allgemeine Zeitung (WAZ). Estão agora na mira antigos guardas do maior campo, o de Auschwitz-Birkenau, onde terão morrido, segundo o museu que agora funciona no local, cerca de 1,1 milhão de pessoas.
No caso de Demjanjuk, o tribunal decidiu que apesar de não estar ligado a um crime em específico, ao ser guarda de um campo onde morreram 27.900 pessoas, o acusado era “parte da máquina de destruição”. Foi condenado, em Maio de 2011, a cinco anos de prisão. Não chegou a cumprir a pena: morreu no ano seguinte, num lar onde aguardava a decisão do recurso que tinha entretanto interposto.
O organismo de Kurt Schrimm diz ter localizado no total 7485 criminosos nazis. 6500 foram condenados até 2010, segundo o jornal WAZ, apontando que destes, 169 foram condenados a penas de prisão perpétua.
Efraim Zuroff, o director do centro Simon Wiesenthal (Jerusalém), congratulou-se no site de microblogging Twitter com esta decisão. “Boas notícias da Alemanha!”, disse. Zuroff tinha estimado, lembra o diário israelita Ha’aretz, que o número de guardas seria no mínimo 4000. “Mesmo se apenas dois por cento destas pessoas estiverem vivas, e partindo do princípio de que pelo menos metade não está em condições físicas de ir a julgamento, ainda seria possível acusar 40”, disse ao jornal.