Administração de Obama em ruptura interna sobre a estratégia para o Afeganistão

Foto
Os EUA enviaram mais 30 mil militares para o Afeganistão Oleg Popov /Reuters

Woodward, que é também editor do diário The Washington Post, escreveu quatro livros sobre George W. Bush na Casa Branca. Para este primeiro sobre Obama teve acesso a descrições pormenorizadas de reuniões e aos memorandos trocados durante a revisão da estratégia afegã, o ano passado. O que fica é um retrato de tensão, desconfiança e discordância entre a equipa de Segurança Nacional e a Administração.

“Obama aparece às avessas com os seus comandantes, particularmente com o almirante Mike Mullen, presidente do Estado-Maior Interarmas, e com o general David H. Petraeus, então chefe do Comando Central e hoje comandante dos EUA e da NATO no Afeganistão”, adianta o Washington Post, num artigo sobre o livro que chegará às bancas na segunda-feira.

Petraeus foi chamado por Obama a liderar a guerra afegã depois da saí-
da repentina de Stanley McCrystal. Ao aceitar essa responsabilidade, confirma-se agora, Petraeus assumiu uma estratégia que é de Obama, mas não sua. A estratégia de Obama, que o próprio “desenhou no essencial”, consistiu em enviar mais 30 mil militares a pensar na retirada, enquanto Petraeus protagonizava um esforço de contra-insurreição com 40 mil, pensado para “proteger os afegãos”.

Há mais tensões em Obama’s Wars, o livro 16 do jornalista que, com Carl Bernstein, denunciou o Watergate. James L. Jones, conselheiro de Segurança Nacional de Obama, por exemplo, refere-se em privado aos conselheiros políticos do Presidente como a “máfia”. A opinião de David Petraeus sobre o principal assessor político de Obama, David Axelrod, não é melhor.

Axelrod, por seu turno, não terá a melhor das opiniões da secretária de Estado, Hillary Clinton. Segundo Woodward, quando Obama sugeriu a ideia de convidar a ex-rival democrata, Axelrod perguntou-lhe: “Como é que podes confiar em Hillary?”.

A estratégia afegã foi finalmente partilhada por Obama, que convocou a equipa de Segurança Nacional, anunciou o que decidira e distribuiu por todos um documento de seis páginas. Pediu então a cada um dos presentes para “o dizer agora” se tivessem objecções. Assunto encerrado.

Notícia actualizada às 21h18
Sugerir correcção
Comentar