Acordo em Genebra para permitir que mulheres e crianças deixem Homs

Na cidade velha há milhares de pessoas cercadas há ano e meio. Brahimi diz estar "contente" com o ambiente das negociações.

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Brahimi espera que seja possível enviar na segunda-feira uma coluna de camiões com ajuda humanitária às zonas cercadas de Homs Thaer Al Khalidiya/Reuters

“Foi-nos dito da parte do governo que as mulheres e as crianças na zona cercada da cidade velha podem partir imediatamente”, disse Lakhdar Brahimi, o diplomata argelino que está a mediar as negociações de paz, a decorrer desde sábado. O responsável disse “ter esperança” que os civis possam começar a sair já nesta segunda-feira daquele bairro, no centro da cidade, mas não revelou em que circunstâncias isso poderá acontecer.

Pouco depois, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Faisal Makdad, confirmou o acordo, dizendo que o único entrave à saída dos civis são os grupos rebeldes que “até agora não deixaram sair ninguém”.   

Homs, capital da província com o mesmo nome no Centro-Oeste da Síria, foi um dos primeiros palcos dos protestos contra o regime de Bashar al-Assad, em Março de 2011. Desde então, o Exército lançou sucessivas ofensivas contra a cidade, reduzindo a escombros bairros inteiros, e cercando a oposição em redutos cada vez mais pequenos. A cidade velha, que agrega a antiga Cidadela e vários bairros históricos, é a zona mais densamente povoada e uma das poucas ainda na mão dos rebeldes.

Brahimi disse esperar que “ainda durante o dia de amanhã” seja possível enviar uma coluna de camiões com ajuda humanitária para a zona, cercada desde Junho de 2012, onde há milhares de civis a passar fome, sem medicamentos e a viver em condições miseráveis.  

O enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe disse que, apesar da lentidão e dos muitos desacordos entre os dois lados, está “contente” com a forma como estão a decorrer as negociações. “Há na generalidade um respeito mútuo e eles estão conscientes de que esta tentativa [de negociação] é importante e deve continuar”.

De manhã, as duas delegações estiveram reunidas na mesma sala, negociando indirectamente através de Brahimi. Da parte da tarde o enviado reuniu-se em separado com cada uma das partes. Da agenda do dia constava a libertação de presos, um dos temas mais espinhosos das negociações.

A Coligação Nacional Síria, que exige a libertação de 50 mil pessoas que diz estarem presas nos cárceres do regime, aceitou entregar ao Governo uma lista com o nome de pessoas em poder dos grupos “sobre os quais tem autoridade ou com quem tem contactos”. Uma lista que deverá deixar de fora os que foram sequestrados pelos rebeldes islamistas ou por grupos jihadistas.

Segunda-feira, as duas partes voltam a reunir-se na mesma sala e Brahimi diz esperar do encontro saia “uma declaração geral” sobre as negociações políticas, a parte mais complexa deste processo e que, segundo um roteiro definido em 2012, deveria culminar na formação de um governo interino formado por “mútuo consenso” – uma fórmula que para a oposição implica o afastamento de Assad. O regime, que diz estar em Genebra para discutir a luta contra o terrorismo, diz que esta é uma competência que cabe às instituições sírias.

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