A polícia de Nova Iorque matou mais um cidadão negro

Akai Gurley foi baleado por um polícia "inexperiente" em Brooklyn. Um grande júri vai decidir se foi homicídio ou acidente. Marcha de protesto marcada para 13 de Dezembro.

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O funeral de Akai Gurley, na sexta-feira à noite Bryan Thomas/Reuters

Gurley, que não estava armado, saia de sua casa em Brooklyn, acompanhado pela namorada, quando foi baleado no peito por um polícia. O departamento de polícia de Nova Iorque (NYPD) classificou o caso de "acidente", atribuindo a culpa à "inexperiência" do agente em patrulha que disparou contra Gurley quando este pisou as escadas que dão acesso à sua porta, numa zona sem iluminação.

Um comissário da NYPD, William Bratton, disse que se tratou de um "acidente" e o relatório da autópsia classificou esta morte de "acidental" e não de homicídio.

A decisão de constituir um grande júri para decidir se o polícia deve ou não ser julgado surge dias depois de outro júri ter optado por não acusar outro agente, este responsável pela morte de Eric Garner, também negro e de 43 anos, que foi abordado por uma patrulha por suspeita de estar a vender cigarros ilegalmente. Garner foi dominado com uma técnica proibida no NYPD: foi agarrado pelo pescoço e deitado no chão, tendo morrido sufocado.

Esta decisão fez rastilhar a todo o país os protestos que começaram depois de outro polícia branco ter morto, em Agosto, um adolescente negro, Michael Brown, em Agosto, em Ferguson (Missouri).

Pelo terceiro dia consecutivo realizaram-se manifestações em Nova Iorque denunciando o racismo e o uso de excesso de força por parte da polícia, com os manifestantes a desfilarem por toda a cidade, atravessando a 5.ª avenida e a ponte de Brooklyn. Os manifestantes empunharam cartazes com frases como "A vida de um negro importa" e "Não consigo repsirar", a frase que Garner disse quando estava a ser dominado, antes de morrer.

O presidente do grupo de activistas BK Nation, Kevin Powell, disse que a atitude da polícia em relação aos negros deve ser definida como "linchamentos dos tempos modernos". E a porta-voz da ONU para as questões das minorias, Rita Izsak, considerou que todos estes casos — cinco, com Gurley, desde o início do Verão — expõem um "padrão de impunidade" perante abusos cometidos contra minorias.

Nos EUA, 13% da população é negra e os grupos de activistas denunciam a desproporção nos números de detenções, condenações e vítimas da polícia 20% dos detidos são negros, mais de 40% dos condenados à morte são negros e 32% dos suspeitos mortos pela polícia entre 2003 e 2009 são negros.

Os grupos de activistas marcaram para dia 13 de Dezembro uma grande marcha em Washington, a capital, para protestar contra a atitude racista que dizem existir nas forças policiais de todo o país.
 

   

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