Maioria dos americanos quer o seu país longe dos problemas internacionais
Inquérito do Centro de Investigação Pew revela resultados inéditos em 50 anos. Política externa de Obama tem aprovação ao nível da de Bush, no fim do segundo mandato.
Os resultados do inquérito “O lugar da América no Mundo”, um estudo feito de quatro em quatro anos sobre as atitudes dos norte-americanos em relação à política externa feito pelo Centro de Investigação Pew e pelo think tank Council on Foreign Relations mostram que desde 2004 mais do que duplicou a porção de norte-americanos que dizem que os EUA são menos poderosos. Apenas 17% dizem que o seu país tem hoje um papel mais importante do que há dez anos – em 2004, essa era a opinião de 45% dos cidadãos americanos.
Pela primeira vez desde 1964, mais de metade (52%) dos americanos acha que o seu país se devia concentrar nos seus próprios problemas, em vez de se preocupar com os dos outros. Há dois anos, as respostas dividiam-se mais – 46% concordavam com esta afirmação e 50% discordavam. Em 2006, havia mais americanos a favor do empenho nas questões internacionais do que em olhar para o umbigo do país.
Mas se os americanos preferem que os seus governantes se preocupem com os assuntos caseiros, mais de metade (56%) afirma que os EUA devem tentar continuar a ser a única superpotência militar. E cerca de dois terços (68%) não consideram que o poderio militar norte-americano esteja a perder terreno para ninguém – essa visão continua estável ao longo dos anos. Desde 2009 que 32% aceitam a ideia, no entanto, de que a China poderá vir a tornar-se tão poderosa como os EUA.
Para os americanos, a China é o motor económico do mundo: é o que pensam 48% dos cidadãos. Apenas 31% dão a primazia ao seu próprio país. O ano de 2008 foi o último em que os cidadãos dos EUA consideraram que o seu país era a maior potência económica (41% vs 30% para a China).
Se a política externa era considerada um ponto forte do Presidente Barack Obama, a maioria dos seus compatriotas já não pensa assim. A maioria (56%) desaprova a sua actuação, sobretudo no que toca ao quase ataque à Síria, ao acordo sobre o nuclear com o Irão, à relação de competição com a China e à longa guerra no Afeganistão. Por isso há praticamente tantos americanos a considerarem que os estrangeiros não respeitam o seu país como no final do mandato de George W. Bush (71%).
Só na luta contra o terrorismo Obama consegue nota positiva, graças à captura de Bin Laden (51%). Se metade dos americanos considera que o uso de drones para matar terroristas islâmicos à distância no Paquistão os deixou mais seguros, só 31% acham que a guerra no Afeganistão – com a retirada iminente das forças norte-americanas, após 12 anos de ocupação, no início do ano – deixou os EUA mais seguros. Muitos (43%) consideram que a guerra lançada após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001 em território americano não deixou a América mais livre de sofrer novos ataques.
Quanto aos polémicos programas de vigilância electrónica maciça revelados pelas fugas de informação feitas pelo analista informático Edward Snowden, 39% não consideram que estas práticas deixam a nação mais segura. Outros 38% acham que não fizeram diferença nenhuma, e 14% afirmam até que tornaram os EUA menos seguros.