Com Jerusalém em alerta, Israel propõe pena de 20 anos para atiradores de pedras

Netanyahu promete firmeza contra responsáveis pela violência, mas pede contenção aos responsáveis políticos

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A alteração à lei proposta pelo Governo prevê uma pena de dez anos mesmo que não fique provada intenção de provocar danos a terceiros Ammar Awad/Reuters

As pedras e os cocktail-Molotov são, há gerações, as armas com que adolescentes e jovens palestinianos protestam contra Israel e a ocupação militar. As forças de segurança respondem com frequência disparando balas reais contra os grupos de manifestantes, num jogo de violência que fez um número incalculável de mortos. Mas nos últimos anos têm-se multiplicado também apedrejamentos de carros de polícia, veículos privados e, com cada vez maior frequência, o metropolitano de superfície que cruza Jerusalém.

A proposta aprovada neste domingo pelo Governo israelita, e que terá ainda de ser aprovada pelo Knesset (Parlamento), prevê uma pena de dez anos de prisão para quem apedreje um veículo, colocando em risco a segurança de pessoas ou do próprio veículo, mesmo que não fique provada a intencionalidade de provocar danos a terceiros. Quem lançar pedras ou outros objectos com o propósito de causar danos pessoais incorre numa pena que pode ir até 20 anos de prisão. A alteração à lei introduz ainda uma pena de cinco anos para quem apedrejar carros das forças de segurança.

Na reunião semanal, o primeiro-ministro israelita prometeu firmeza contra quem atenta contra a segurança – “vamos aprovar legislação mais agressiva para garantir o regresso da calma a todas as partes de Jerusalém”, afirmou –, e assegurou não ter qualquer intenção de alterar as regras de acesso ao Pátio das Mesquitas.

O recinto é considerado sagrado para judeus (que o apelidam de Monte do Templo) e muçulmanos (para quem aquele é o Nobre Santuário), mas só estes ali podem rezar, uma situação que querem alterar activistas da direita israelita como Yehuda Glick, o rabino alvejado nesta quinta-feira em Jerusalém.

“O que é necessário agora é acalmar os espíritos e dar mostras de responsabilidade e contenção”, afirmou, acrescentando, num recado para a liderança palestiniana mas também para os radicais israelitas, “que é mais fácil atiçar a fogueira do ódio religioso do que extingui-la”. Um apelo que caiu em saco roto: neste domingo, Moshe Feiglin, um deputado ultra-ortodoxo eleito pelo Likud (o partido do primeiro-ministro) e defensor da mudança do status quo no Pátio visitou o local, sem incidentes mas sob protecção policial. Uma provocação que mimetiza a polémica visita, em 2000, do então líder da oposição israelita Ariel Sharon ao recinto, num gesto que acabaria por precipitar a segunda Intifada (revolta).

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