Sete espanhóis mortos num atentado bombista atribuído à Al-Qaeda no Iémen
a Ainda não houve reivindicação, mas havia um aviso - responsáveis desegurança citados ontem pela Reuters em Sanaa, capital do Iémen, con-
firmaram que a Al-Qaeda exigira re-
centemente a libertação de alguns dos seus membros detidos no país, ameaçando desencadear "acções" se tal não acontecesse. O atentado de ontem em Marib, 170 quilómetros a leste da capital iemenita, foi por isso rapidamente atribuído à rede de Osama bin Laden. A explosão de um carro armadilhado à passagem de uma coluna de jipes matou pelo menos dez pessoas: sete turistas espanhóis, dois guias iemenitas e o suspeito suicida.
O atentado ocorreu às 17h30 locais (menos duas horas em Lisboa) e ao final do dia, em Madrid, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Miguel Angel Moratinos, exprimia a "firme condenação por este acto terrorista". Segundo Moratinos, para além dos sete espanhóis mortos, há cinco feridos, um deles em estado grave. O Governo fez voar vários responsáveis para Sanaa e anunciou que explicará hoje as circunstâncias do ataque.
Este é o segundo atentado contra espanhóis numa semana no Médio Oriente: a 24 de Junho, um carro ex-
plodiu junto a um veículo da força da ONU no Líbano (UNIFIL), matando seis militares do contingente espanhol (três espanhóis e três colombianos).
Segundo as edições online dos jor-
nais El Mundo e El País, as vítimas de ontem, um grupo de 13 turistas, tinham deixado Espanha sábado.
Na altura da explosão regressavam a Sanaa (classificada Património da Humanidade pela UNESCO), um dos principais destinos turísticos do país, depois de visitar Marib, antiga capital do lendário reino de Sabá e outro ponto de paragem habitual. Tal como é aconselhado pelos governos europeus para esta zona do Iémen, faziam-se acompanhar por escolta militar.
Grande parte do Norte do país é desaconselhado aos turistas e viajantes ocidentais - estes não costumam ser alvos específicos, mas há três anos que o Exército combate rebeldes de uma minoria xiita, num conflito que matou já 4000 pessoas. Ao mesmo tempo, toda a zona de fronteira com a Arábia Saudita escapa ao controlo do Governo central e é território de tribos bem armadas e que darão abrigo a extremistas estrangeiros. O próprio Bin Laden, cujo pai nasceu no Hadramaut iemenita, já ali procurou refúgio pelo menos uma vez, em 1996.
O atentado de ontem é já um dos mais graves no país. Desde o 11 de Se-
tembro que o Governo de Ali Abdul-
lah Saleh se colocou ao lado de Washington e abriu as suas fronteiras às agências de segurança dos EUA.
Nos últimos anos, depois dos atentados contra o navio USS Cole (2000) e o petroleiro francês Limbourg (2002), ataques, quase todos evitados, têm visado instalações petrolíferas ou interesses ocidentais, como embaixadas, mas não turistas.