Obama pôs na Internet a prova de que é "born in the USA"

Foto
"Temos problemas maiores para resolver", disse Barack Obama JIM YOUNG/REUTERS

Após três anos de suspeitas, o Presidente revelou um certificado de nascimento pormenorizado. Trump diz que foi por causa dele

Barack Hussein Obama II nasceu mesmo no Havai, em Honolulu, a 4 de Agosto de 1961 - nascido nos EUA, apto para a música de Bruce Springsteen. Obama divulgou ontem na Internet o seu certificado de nascimento, em versão completa face a uma nova investida dos birthers, as pessoas que duvidam de que o Presidente dos Estados Unidos tenha nascido em território norte-americano. A campanha era desta vez protagonizada pelo milionário e estrela da reality tv Donald Trump, que está a ponderar candidatar-se pelos republicanos às presidenciais de 2012.

Trump foi o mais satisfeito. "Sinto que consegui fazer uma coisa muito, muito importante e sinto-me honrado", disse à CNN.

É bizarro que um Presidente tenha de colocar online o seu certificado de nascimento, para responder às suspeitas lançadas nos últimos três anos sobre o local onde nasceu. Mas em causa está uma passagem da Constituição que diz que só cidadãos "naturais" do país podem chegar à presidência.

Os birthers usam esta cláusula das mais variadas formas: alegam que Obama nasceu no Quénia (o país do pai, o Barack Hussein Obama original), que foi adoptado pelo segundo marido da mãe, o indonésio Lolo Soetoro e, assim, perdeu a nacionalidade americana. Ou, simplesmente, que o Havai não é América.

Uma sondagem USA Today/Gallup publicada terça-feira mostra que só 38 por cento dos americanos acreditam que Obama nasceu nos EUA. Dezoito por cento dizem que provavelmente nasceu nos EUA, enquanto 15 por cento acham que provavelmente nasceu noutro país e nove por cento estão convencidos de que nasceu no estrangeiro. Noutra sondagem recente, da CNN/Opinion Research Corp, apesar de 75 por cento acreditarem que Obama nasceu mesmo (ou provavelmente...) nos EUA, entre os republicanos 40 por cento acham (de certeza ou provavelmente) que o seu Presidente não é "born in the USA".

No último mês, estas dúvidas, que se tornaram numa teoria da conspiração, alimentada na Internet e pelos media, ganharam nova visibilidade através de Donald Trump, a estrela do concurso The Apprentice, onde vai despedindo candidatos a empregados. "Obama pode ter violado a Constituição", sugeriu.

"Palermices"

Obama resistiu a dar credibilidade a esta polémica, iniciada ainda durante a campanha eleitoral (Hillary Clinton, então sua rival, exigiu que apresentasse o certificado de nascimento). Mas chegou a apresentar uma versão simplicada do certificado - o documento emitido por computador que é dado a todos os cidadãos do Havai que o peçam. Mas, por ser resumido, foi desacreditado pelos birthers.

A versão detalhada não costuma ser dada a ninguém. Foi feita a pedido especial do Presidente. Nela se pode ver que o bebé Obama nasceu na Maternidade e Hospital Ginecológico Kapiolani, em Honolulu, filho do estudante Barack Hussein Obama, de 25 anos, e de Stanley Ann Dunham, de 18.

"Não temos tempo para estas palermices", disse o próprio Obama pouco depois, numa declaração transmitida em directo por todas as televisões. "Temos coisas melhores a fazer. Temos problemas maiores para resolver e estou confiante de que posso resolvê-los, mas teremos de nos concentrar nisso e não nestas coisas."

A teoria da conspiração pode, porém, continuar. Há quem exija ver os registos académicos do Presidente, dizendo que o estudante brilhante afinal foi medíocre. Há também quem alegue que Obama usa um número de segurança social falso.

Para quê deixar que os factos atrapalhem uma boa história?

Sugerir correcção