Nouvel, o arquitecto da luz e das transparências, é o novo Pritzker
Aos 62 anos, o autor do Instituto do Mundo Árabe de Paris, torna-se no 32º vencedor do mais importante prémio de arquitectura do mundo
a Di-lo com a transparência que é a marca da sua obra: "O papel do arquitecto na sociedade é agir como intérprete dos seus movimentos. Escutando as suas tendências, mutações históricas, culturais, sociais e ambientais, a sua missão é transcrevê-las para uma linguagem poética."Aos 62 anos, Jean Nouvel, que em 1987 se tornou conhecido pelo edifício do Instituto do Mundo Árabe, em Paris, é o vencedor da trigésima edição do Pritzker, o mais importante prémio de arquitectura do mundo.
A cerimónia de entrega do prémio (100 mil dólares, ou seja, 63,3 mil euros) é só no dia 2 de Junho, na Biblioteca do Congresso, em Washington, mas o júri já justificou a sua escolha. Ontem, em Los Angeles, Thomas J. Pritzker, leu a partir da acta: "Entre as muitas frases que poderiam descrever a carreira de Jean Nouvel, estão as que enfatizam a sua coragem e o desafiar de normas estabelecidas. O júri reconheceu a persistência, imaginação, exuberância e, sobretudo, a insaciável necessidade de experimentação do trabalho de Nouvel." O premiado, desde que se estabeleceu na Paris dos anos 1970, como assistente de Claude Parent e Paul Virilio, tem procurado "novas abordagens aos problemas convencionais da arquitectura".
Nouvel reagiu, explicando à Reuters estar "feliz por passar a pertencer ao clube de bons amigos como Frank Gehry, Renzo Piano e Zaha Hadid".
Gehry, vencedor em 1989, Renzo Piano (1998) e Zaha Hadid (2004) estão numa lista de agora 32 distinguidos de que faz parte apenas um português: Álvaro Siza Vieira, premiado em 1992. Nouvel é apenas o segundo francês - depois de Christian de Portzamparc, em 1996.
Tendo desenvolvido a parte mais significativa da sua obra na Europa, e estando alguns dos seus mais emblemáticos edifícios em Paris [o Instituto do Mundo Árabe,mas também a etérea sede da Fundação Cartier (1994) e o Museu de Branly (2006), por exemplo], Nouvel tem projectos para mais de 200 países, incluindo Portugal (ver caixa).
Autor da Ópera de Lyon (1993), da Torre Agbar de Barcelona (2005), e com projectos como a Tour Verre, um edifício de 75 andares para Nova Iorque, Nouvel é conhecido pelo seu trabalho de luz e transparências. Costuma dizer que gosta de brincar com o reflexo das nuvens e da vegetação: "Estes jogos de luz e profundidade de campo existem para fazer perguntas sobre a pertinência do edifício neste mundo."
Inspirado pelas catedrais e igrejas dos séculos XI e XII, o desejo de Nouvel "é sempre fazer um projecto cheio de simplicidade, delicadeza, profundidade. Projectos que mantenham o espírito da sua localização, o desejo das pessoas, da cidade, do campo, dos edifícios que vieram antes dele".