Militares criticam conclusões de inquérito ao "Domingo Sangrento"

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Relatório conclui que morte dos 14 manifestantes foi "injustificada" PETER MUHLY/AFP

"Foi dado todo o benefício da dúvida a uma parte e nenhum à outra", dizem seis pára-quedistas que serviram na Irlanda do Norte em 1972

Seis soldados que estavam em Derry no "Domingo Sangrento" criticaram as conclusões do inquérito ao incidente de 30 de Janeiro de 1972 e saíram em defesa do seu comandante, o único oficial responsabilizado pela morte dos 14 manifestantes republicanos.

Para as famílias, o relatório do juiz Mark Saville e o pedido de desculpas do primeiro-ministro, David Cameron, representaram uma vitória sem precedentes: as vítimas foram ilibadas e as acções dos soldados foram consideradas "injustificadas".

Numa nota enviada à BBC, os pára-quedistas não negam que as acções dos companheiros resultaram na morte de civis, mas lamentam que o IRA não tenha sido responsabilizado. O grupo tinha operacionais na marcha republicana, mas o relatório concluiu que nenhuma das suas acções "justificou os disparos contra os civis".

Mas os seis militares, que não estiveram directamente envolvidos no incidente, insistem que "há provas consistentes" de que os soldados foram atacados e consideram improvável que Martin McGuinness, o actual vice-primeiro-ministro que era à época vice-comandante dos paramilitares em Derry, não tenha disparado a arma que teria consigo. "Foi dado todo o benefício da dúvida a uma das partes e nenhum à outra", alegam.

Dizem ainda que o coronel Derek Wilford só foi responsabilizado porque a comissão "percebeu que tinha de culpar alguém com patente" e o então comandante das forças no terreno "servia" esse propósito. O relatório alega que Wilford desobedeceu aos superiores e cometeu um erro grave ao enviar um grupo de reforço para deter manifestantes, sabendo que os soldados "não tinham meios de distinguir entre agitadores e participantes na marcha". A nota ilustra o mal-estar que o relatório gerou entre antigos militares, mesmo depois de o general David Richards, actual chefe do Exército, ter lamentado as "falhas graves de oficiais e soldados".

O procurador de Belfast está ainda a decidir se acusa os militares visados no inquérito - um passo que os peritos legais consideram improvável -, mas Derry foi ontem palco de uma cerimónia impensável há 38 anos: líderes da Igreja protestante encontraram-se com familiares das vítimas, num gesto para marcar "o início de uma nova era de paz e união na cidade".

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