França julga cúmplices dos assassinos de Ahmad Shah Massoud
Abriu ontem em Paris o processo de sete islamistas radicais. Quatro são suspeitos de cumplicidade no assassinato do comandante afegão Ahmad Shah Massoud, a 9 de Setembro de 2001, no Norte do Afeganistão. O Ministério Público acusa os quatro réus de terem fornecido uma assistência logística aos dois assassinos de Massoud, herói afegão da resistência contra o regime dos taliban, fornecendo-lhes passaportes falsos, bilhetes de avião, credenciais de imprensa falsificadas e dinheiro. O assassinato do Leão do Panshir precedeu de dois dias os atentados de Nova Iorque e de Washington, atribuídos ao aliado dos talibans, o saudita Osama bin Laden.
Os dois assassinos, os tunisinos Dahmane Abd el Sattar e Bouraoui Ouaer, apresentaram-se como jornalistas no feudo da guerrilha contra os taliban. Dispunham de falsos passaportes belgas fabricados a partir de documentos roubados na Holanda em 1999 e em França um ano depois. Estes passaportes, como outros documentos encontrados nas bagagens dos assassinos, depois da morte deles, permitiram às polícias belga, britânica, francesa e italiana desmantelarem uma rede europeia de fornecimento de documentos falsos aos movimentos islamistas.
Os dois assassinos traziam também uma carta de recomendação do Islamic Observation Center, uma organização islamista londrina. Graças a esta carta, os dois homens conseguiram uma entrevista ao chefe da guerrilha afegã.
Pouco depois do início do encontro, um deles fez explodir a bomba que trazia escondida na roupa. Os assassinos foram depois abatidos pelos guarda-costas de Massoud. A contra-espionagem francesa averiguou que a câmara de televisão de que se tinham servido, fora roubada a 24 de Dezembro de 2000 no carro de um jornalista francês de serviço em Grenoble, junto aos Alpes franceses.
Os quatro suspeitos de cumplicidade são um francês de 31 anos, Youssef el Aouni, um franco-argelino, de 37 anos, Merhez Azouz, um argelino de 27 anos, Abderrahmane Ameuroud, e outro francês de 38 anos, Adel Tebourski. Os outros três réus são acusados de pertencerem a uma "célula islamista" que fazia treinos perto de Paris. O processo deve durar até 20 de Abril.