Dois espanhóis homossexuais foram libertados na Gâmbia
a Foram ontem libertados os espanhóis, de 56 e 54 anos, detidos sexta-feira na zona turística de Kotu, próximo da capital da Gâmbia, Banjul, e acusados de ter feito propostas sexuais a dois taxistas, anunciou em Madrid o Ministério das Relações Exteriores. Os dois homens estavam sujeitos a penas até 14 anos de prisão. A homossexualidade é considerada tabu no país, tendo em Maio o Presidente, Yahya Jammeh, ameaçado "cortar a cabeça" a qualquer pessoa que fosse gay: "Estamos num país dominado pelos muçulmanos e nunca aceitarei tais indivíduos."
O Governo espanhol procedeu a diligências no sentido de apoiar os cidadãos que estiveram cinco dias detidos na Gâmbia e, segundo o diário El País, tinha já os bilhetes preparados para o seu regresso. Madrid destacou um diplomata para acompanhar localmente o desenrolar do caso, sob a supervisão da sua embaixada no Senegal. Logo na tarde da detenção, os dois homens, Pere Joan e Juan Monpserratrusau, cuja identidade foi revelada na imprensa de Banjul mas que Madrid não aceitou confirmar, receberam a visita do cônsul espanhol na Gâmbia, Nicolás Elbusto, e de um adido, que os têm visitado diariamente, no sentido de que não venha a ser aplicada a lei dos 14 anos de cadeia para quem tenha práticas com pessoas do mesmo sexo.
Jammeh, que em 1994 chegou ao poder num golpe de Estado, sublinhou no mês passado que dirige um país "de gente civilizada e crente", tendo ordenado aos donos dos hotéis que avisem as forças de segurança se notarem a presença de qualquer homossexual, sob pena de os seus estabelecimentos serem encerrados.
Segundo o site Afrik.com, os espanhóis teriam pedido aos taxistas que os conduzissem a lugares onde houvesse gays. Eles mandaram-nos esperar e foram à esquadra denunciá-los, levando assim à detenção.
Trata-se do primeiro incidente do género envolvendo estrangeiros desde as ameaças de decapitação formuladas por Jammeh, que a semana passada recebeu do governador democrata Steven L. Beshear a mais alta distinção do estado norte-americano do Kentucky, o título de coronel, "pelos seus grandes feitos e distinta carreira militar". É na Gâmbia que funciona a Comissão Africana dos Direitos do Homem e dos Povos.
O Presidente
da Gâmbia,
Yahya
Jammeh, ameaçou
"cortar a cabeça" a qualquer homossexual