Tropas etíopes voltam a entrar na Somália e Governo declara estado de emergência
O Quénia, o Djibuti e o Iémen também receberam pedidos para intervir no combate contra os militantes islamistas que mataram o ministro da Segurança
a Tropas etíopes encontravam-se ontem, uma vez mais, envolvidas no conflito da Somália, depois de o presidente do Parlamento deste país, xeque Aden Mohamed Madobe, ter pedido aos vizinhos que interviessem militarmente para salvar o Governo.Após alguns dias de forte luta nas imediações da capital, Mogadíscio, entre os governamentais e forças rebeldes, alegamente comandadas por um paquistanês ligado à Al-Qaeda, as autoridades pediram à Etiópia, ao Quénia, ao Djibuti e ao Iémen para intervirem "dentro de 24 horas".
As tropas etíopes, sempre prontas a entrar na Somália, tinham-no feito na última vez em finais de 2006, de modo a apoiar o Governo de então e a expulsar a União dos Tribunais Islâmicos, que era dirigida por Sharif Ahmed, o actual Presidente de uma administração muito frágil.
Ahmed veio a assinar um acordo de paz patrocinado pelas Nações Unidas e a fazer parte do sistema, mas agora tem contra si antigos aliados, pertencentes aos grupos al-Shabab e Hizbul Islam, que se apresentam mais radicais do que os antigos Tribunais Islâmicos.
Estado de emergência"A Etiópia crê que a sua segurança ficaria ameaçada, se os militantes islamistas tomassem conta da Somália", comentou o correspondente da Al-
-Jazira no Quénia, Mohammed Adow, enquanto o Governo de Mogadíscio proclamou o estado de emergência.
Dois deputados tinham sido mortos nos últimos dias devido à violência que se estava a agravar entre as forças governamentais e os islamistas. E quinta-feira foram assassinados tanto o ministro da Segurança, Omar Hashi Aden, como três dezenas de outras pessoas.
Era a confirmação do prosseguimento de um clima de anarquia que vem desde o início de 1991, com a Somália transformada numa autêntica manta de retalhos, onde as autoridades instaladas em Mogadíscio não têm qualquer poder sobre o que se passa na generalidade do país.
Sexta-feira o Quénia declarou que não ficaria quieto a assistir ao agravamento da situação no país vizinho, pois que isso se iria reflectir em toda a região.
As autoridades de Nairobi e o Ocidente temem que o arrastar do caos na Somália propicie a instalação de redes terroristas associadas à Al-Qaeda, ameaçando a estabilidade de toda a África Oriental.
Os quenianos entendem que a União Africana deverá reforçar o seu contingente de 4300 que se encontra na Somália e ajudar a constituir aí uma força policial.