Palin fez o primeiro discurso sobre políticas de um governo McCain
O tema das crianças com necessidades especiais, como o seu filho mais novo, serviu-lhe para atacar o plano fiscal do candidato democrata
a O filho mais novo de Sarah Palin, Trig, tem síndrome de Down. E por isso a candidata republicana escolheu o tema das crianças com necessidades especiais para o seu primeiro discurso sobre política desde que foi escolhida por John McCain para entrar no ticket (boletim de voto) republicano.A governadora do Alasca está envolvida numa série de polémicas e testemunhava ontem numa comissão de inquérito sobre o despedimento do comissário para a segurança pública do estado, no que ficou conhecido como troopergate, e em que um procurador--geral considerou que, apesar de não ter havido ilegalidade, Palin abusou do poder.
Mas ontem, em Pittsburgh (Pensilvânia), antes de se dirigir para o Missouri, onde faria o depoimento, a candidata escolheu falar de detalhes de propostas de uma administração McCain-Palin. Por exemplo, mais flexibilidade para os pais escolherem as escolas dos filhos. A candidata aproveitou para atacar o democrata Barack Obama, dizendo que o seu plano fiscal iria prejudicar famílias que têm fundos financeiros para as suas crianças com necessidades especiais.
"Compreensivelmente, muitas famílias com crianças com necessidades especiais ou adultos dependentes estão preocupadas por o nosso oponente planear aumentar os impostos neste tipo de provisões financeiras", disse Palin, num evento com cerca de 350 pessoas, que entraram por convite.
Ao ataque com as famílias "Eles temem que o aumento de impostos de Obama tenha consequências graves e têm razão. É mais um exemplo de como muitas famílias podem ficar em risco e quanto as pessoas podem sofrer quando os impostos são mal usados", disse, batendo na tecla que a campanha republicana tem elegido para atacar Obama, recorrendo a figuras como o "canalizador Joe".
Palin prometeu que, se os republicanos ganharem, a Administração irá suportar os custos da lei sobre indivíduos com desvantagens educacionais - até agora, o Governo comprometeu-se a pagar 40 por cento, deixando o resto a cargo de cada estado.
A campanha democrata não demorou a responder que a alegação de Palin sobre os impostos era "completamente falsa". Obama está no Havai a visitar a avó materna, que está gravemente doente, mas a sua mulher, Michelle, fazia campanha no Ohio, um estado crucial.
Além do troopergate, os 150 mil dólares que o Partido Republicano gastou nas suas roupas têm perseguido Palin - ontem, disse que a roupa não é sua (a campanha diz que será dada) e que em geral é "frugal" nas compras.
E a falta de experiência de Palin continua a ser questionada, mesmo entre republicanos, desde Colin Powell, antigo secretário de Estado de Bush (que deu o seu apoio a Obama), à antiga speechwriter de Ronald Reagan, Peggy Noonan.
Numa entrevista à CNN, o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, esforçava-se para responder se Palin tinha qualificações para ser Presidente. "Acho que vai acabar por tê-
-las", disse. A entrevistadora, Campbell Brown, perguntou: "Quer dizer que ainda não está pronta?" e Schwarzenegger respondeu: "Acho que na altura em que tomar posse estará pronta".
Enquanto isso, as sondagens dão caminho aberto a Obama, mas ouviam-
-se muitas vozes cautelosas: uma delas num artigo do New York Times, que afirmava que "a vitória para McCain ainda é possível". Apesar de muitas sondagens darem clara vantagem a Obama nos estados cruciais para vencer a eleição, há quem aponte para outras, em estados como a Florida ou Ohio, onde os dois candidatos surgem com um ou dois pontos de diferença - ou seja, dentro da margem de erro.