Oposição russa alerta para revolta "pior do que no Egipto" em caso de fraude nas eleições

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Ziuganov, o líder dos comunista

Partido Rússia Unida, de Vladimir Putin e Dmitri Medvedev, está em queda nas sondagens mas deverá manter a maioria absoluta

A oposição russa está preocupada com possíveis fraudes nas eleições de domingo. O líder do Partido Comunista, Guennadi Ziuganov, avisou que a reacção será "pior do que no Egipto" caso o partido no poder tente manipular os resultados.

O partido do primeiro-ministro, Vladimir Putin, que tem como cabeça-de-lista o Presidente, Dmitri Medvedev, "não tem qualquer vergonha em fixar um objectivo de conseguir 60 a 70% dos votos numa altura de crise, de falhanços sem precedentes, de uma corrupção terrível e da impotência total do Governo", acusou, numa entrevista ao jornal Vedomosti. "Isto empurrará o país para um cenário norte-africano", ameaçou.

O Rússia Unida domina a Duma (câmara baixa do Parlamento) com uma maioria de dois terços mas vem a descer nas sondagens: este mês teve apenas 51% nas intenções de voto, segundo o instituto independente de sondagens Levada, o que poria em causa a maioria de dois terços que permite ao partido levar a cabo alterações constitucionais e seria uma descida significativa face aos 68% do mês anterior. Em segundo lugar, nas sondagens vem o Partido Comunista com cerca de 20% de intenções de voto.

A descida nas sondagens tem tido expressão pública, pelo menos segundo um relato no site de notícias Bloomberg. Vladimir Putin, homem-forte do partido, foi apupado num evento recente no Estádio Olímpico de Moscovo, onde recebia Fiodor Emelianenko, um atleta russo de artes marciais que acabava de derrotar um norte-americano. Apoiantes de Putin culparam "22 mil bexigas cheias de cerveja" pelos apupos.

Na sequência do incidente, dizia o diário Moscow Times, Putin e Medvedev suspenderam as suas presenças em público até depois das eleições.

Em Moscovo, não havia grandes sinais de campanha, descrevia a emissora Euronews. "Há uma certa indiferença dos eleitores quanto às duas principais figuras da arena pública. Não há mais ninguém", comentou o sociólogo Boris Dubin. "O tempo parece ter parado durante 10 ou 12 anos." Na semana passada, Vladimir Putin confirmou que será candidato à presidência nas eleições do próximo ano.

Enquanto isso, a comissão eleitoral autorizou 650 observadores internacionais para seguir o escrutínio, da Organização para a Cooperação e Segurança na Europa (OSCE), Conselho da Europa e CEI (Comunidade de Estados Independentes, da ex-URSS).

Nas últimas legislativas, em 2007, a OSCE renunciou ao envio de observadores depois de disputas com Moscovo, que só autorizava 200 observadores.

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