Congresso norte-americano adia financiamento para o fecho de Guantánamo
"Quando tiverem um plano, voltem a falar connosco", comentou o presidente do comité de Apropriações da Câmara dos Representantes, o democrata David Obey
a O comité de Apropriações da Câmara de Representantes dos Estados Unidos escusou-se a votar um pedido de 80 milhões de dólares para o encerramento da prisão militar de Guantánamo, feito pela Casa Branca, alegando que a questão só seria analisada e o dinheiro disponibilizado quando a Administração Obama apresentar um plano "concreto" para a relocalização dos prisioneiros.As verbas foram solicitadas para dar início ao processo de fecho de Guantánamo, e foram incluídas num pacote de financiamento extraordinário das guerras do Iraque e do Afeganistão enviado ao Congresso pela Casa Branca, no valor global de 85 mil milhões de dólares.
Os congressistas aprovaram o reforço financeiro para as operações militares, e até concederam mais nove mil milhões de dólares do que a Casa Branca havia requisitado. Mas retiraram do pacote o dinheiro para Guantánamo, dizendo que não valia a pena estar a apropriar verbas antes de haver uma proposta definitiva sobre o destino dos prisioneiros. "Quando tiverem um plano, voltem a falar connosco", comentou o presidente do comité de Apropriações, o democrata David Obey.
É um sinal das dificuldades que a Administração vai sentir para cumprir a sua promessa de encerrar aquele campo militar onde permanecem detidos cerca de 250 prisioneiros estrangeiros até Janeiro do próximo ano, e também uma demonstração da falta de vontade dos legisladores para lidar com a questão, particularmente sensível numa altura em que já se movimentam para as eleições intercalares de 2010.
O Partido Republicano quer explorar politicamente o assunto e forçar os democratas a assumir uma posição: estes não hesitaram em chumbar um projecto de lei para manter a prisão em funcionamento, mas têm sentido mais dificuldades em reagir a uma outra proposta, intitulada "Terroristas fora da América", que prevê proibir a transferência de prisioneiros de Guantánamo para cadeias do território americano.
Em vários estados, os legisladores já estão a preparar ou a votar legislação no sentido de impedir o uso das suas unidades prisionais ou bases militares para acolher detidos de Guantánamo. "Eles não são pecadores arrependidos e não os queremos nas nossas cidades", declarou o congressista republicano do Kansas Todd Tiarht.
Para os conservadores, o debate sobre o encerramento de Guantánamo é uma oportunidade para desviar o discussão das questões económicas que têm dominado a agenda e voltar a jogar a carta da segurança, onde acreditam ser mais fortes do que os democratas.
O procurador-geral Eric Holder, que tem a responsabilidade de encontrar as soluções jurídicas para lidar com os prisioneiros, explicou ao Comité Judiciário do Congresso que ainda não foram tomadas nenhumas decisões sobre a transferência dos prisioneiros e que esse processo só deverá arrancar "dentro de alguns meses".
80
milhões de dólares foi quanto a Casa Branca pediu para poder encerrar a base de Guantánamo em Janeiro