Açores
Volta à ilha Terceira em bicicleta e de máquina descartável na mão
O Azores Fixed é como o Verão: todos os anos há um. No início de Agosto, nove ciclistas encaixotaram a sua fixies - bicicletas com apenas uma velocidade em que o carreto traseiro é fixo - e partiram mais uma vez para os Açores, desta vez para a ilha Terceira.
O Azores Fixed é como o Verão: todos os anos há um. Foi assim que Bruno Sousa, ciclista “pai” do grupo Azores Fixed, lançou a aventura deste ano na ilha Terceira, depois de já terem passado em edições anteriores por São Miguel, Santa Maria, Faial e Pico. No início de Agosto, nove ciclistas encaixotaram a sua fixies - bicicletas com apenas uma velocidade em que o carreto traseiro é fixo - e partiram mais uma vez para os Açores. Desde 2013 que o açoriano Bruno Sousa organiza esta espécie de retiro ciclista onde o plano é simples: percorrer os Açores e as suas maravilhas. Este ano, Bruno tinha um problema para resolver à partida: “Quem ia fotografar?” Em 2016 a tarefa ficou a carga de um dos elementos da equipa, o videógrafo e fotógrafo Manuel Lino que tinha partido a clavícula. Impedido de pedalar, registou a viagem. Este ano, já recuperado, não quis ficar de fora. A solução passaria por contar com a contribuição de todos, mas Bruno queria que o registo fosse uniforme e não ao sabor de efeitos e apps de smartphone.
A resposta chegou em forma de máquina descartável, esse objecto “tosco” em que é possível controlar pouco mais do que o disparo, e que sempre fascinou Bruno Sousa. “O grupo iria fotografar-se a si próprio”, foi no fundo aquilo que mais apelou a Bruno. Dezoito máquinas descartáveis (metade normais, com flash, e outra metade para fotografar debaixo de água) passaram pela mão dos nove ciclistas: no final de cada dia arrumavam as máquinas e no dia seguinte cada um pegava numa, sem saber se era a que tinha tido no dia anterior. Os olhares misturaram-se e tornaram-se um só, tal como o Azores Fixed, que Bruno descreve como uma família que anda pelos Açores a “pedalar, mergulhar, pedalar”.
E acabaram por ficar surpreendidos com a qualidade de algumas das fotografias, quase cinco centenas, que documentam quatro dias de viagem com sol, nevoeiro, mergulhos na zona Balnear dos Biscoitos, uma visita ao Algar do Carvão, o ex-líbris turístico da ilha, passagem pelas touradas à corda, um acidente (“Casper”, dinamarquês e o ciclista mais novo do grupo caiu à passagem por um buraco, nada de grave) e a uma da subidas mais difíceis que o grupo já teve de enfrentar. O desafio dos 1021 metros da Serra de Santa Bárbara, em Angra do Heroísmo, foi acompanhado de “mega frio e mega nevoeiro” e piso escorregadio: “Para mim desmontar a meio da subida é o mesmo que desistir, mas ali era impossível não o fazer”, recorda Bruno. O momento ficou também registado nas frágeis máquinas descartáveis que sobreviveram à viagem. O grupo ainda não viu a fotografias, estão à espera para o fazerem em conjunto. Essas e outras fotografias estão na calha para um projecto especial para 2018: o livro Azores Fixed. “ Cinco anos é a altura ideal para fazer o balanço”, explica Bruno, que já tem na cabeça o livro/álbum fotográfico que vai eternizar as imagens das aventuras das fixies pelos Açores.