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E ao nono mês, o túmulo de Cristo renasceu
Um grupo de cientistas da Universidade Técnica de Atenas, em conjunto com uma equipa da Sociedade National Geographic, terminou esta semana o restauro da Edícula da Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém. De acordo com a fé cristã, a Edícula — considerada um dos locais mais sagrados do mundo cristão — guarda o túmulo onde Jesus Cristo foi sepultado depois de ser crucificado.
Durante nove meses, a equipa composta por mais de 50 pessoas fez reaparecer o tom rosa e bege da pedra e várias inscrições e decorações que até então estavam praticamente escondidas. É a primeira vez, em séculos, que se pode ver a Edícula tal como foi concebida, em 1810. Foi injectado material de reforço nas paredes, as lajes foram limpas e recolocadas com parafusos de titânio para evitar o risco de colapso ou deformação da estrutura. A professora na Universidade Técnica de Atenas Antonia Moropoulou, que supervisionou o restauro, disse ao El País que “o maior desafio da intervenção foi trazer estabilidade ao monumento”. De acordo com Moropoulou, “pode-se dizer que a estrutura está firmemente consolidada”.
Três grupos cristãos detêm a custódia da Basílica – a Igreja Ortodoxa Grega, a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Arménia – e durante mais de 200 anos as disputas entre eles atrasaram o restauro do espaço. O trabalho apenas começou o ano passado após o estado da Basílica ter sido considerada de risco pelas autoridades israelitas, que controlam a parte Oriental de Jerusalém desde a guerra de 1967 no Médio Oriente. O valor orçamentado para o restauro inicialmente apontava para os três milhões de euros, mas de acordo com o El País a equipa gastou mais 15% do que o previsto. O valor final irá rondar os seis milhões de euros, a contar com as investigações que ainda estão por fazer. O montante foi reunido pelas três Igrejas que detêm a custódia da Basílica juntamente com donativos do rei da Jordânia e de dezenas de empresas e entidades anónimas.
“Descobrimos que há elementos que datam da época do imperador Constantino, mas também que as diversas intervenções e restauros descritos nos diários dos peregrinos e em textos históricos dos séculos XIV e XVI realmente ocorreram. É história viva", afirmou Moropoulou, que viveu praticamente nove meses dentro do recinto da Basílica do Santo Sepulcro. “Trabalhámos dia e noite para cumprir os prazos. O projecto está completo, mas a investigação continua”, disse Moropoulou.
A Edícula da Basílica do Santo Sepulcro reabre esta quarta-feira ao público.