Artes
O Funchal de Max Römer quatro décadas depois
"Na Madeira, em paisagem, não há o feio. Há o bonito, há o belo e o grandioso”, disse Max Römer numa entrevista ao Diário de Notícias a 21 de Janeiro de 1932. Fizemos um antes e depois com o Funchal do artista gráfico.
Alemão de Hamburgo, Römer desembarcou no Funchal em 1922 e morreu, ainda no Funchal, em 1960. Foi antes do início da construção dos grandes empreendimentos que nas últimas décadas transformaram radicalmente a ilha. No Portugal de 2013, o que ao longo de quarenta anos este antigo desenhador foi passando para as suas telas, desenhos, aguarelas e para os postais e cartazes com que promoveu internacionalmente a Madeira, perfila-se como um sonho distante.
A “costa recortada e acidentada, toda ela altos promontórios e pequenas praias” que descreveu nessa entrevista, as “vertentes, cheias de cultura, em que o verde varia até ao inverosímil”… Sobre tudo isso há hoje um sem fim de casas, estradas e rotundas. As “povoações tão fortemente cheias de pitoresco” deixaram de se encontrar “em excesso”, agora submersas sob um manto de uniformização. E muitas das vistas deixaram mesmo de existir, estando hoje tapadas por prédios.
Römer, que foi talvez o maior marketeer da Madeira, surge agora como testemunho de um passado irrecuperável. A Casa das Mudas, no Funchal, dedica à sua obra uma grande exposição, a maior até hoje. O PÚBLICO fotografou o que está hoje nalguns dos espaços que o apaixonaram e que transpôs para a sua obra.