“Uma fotografia especial” traz para Portugal um terceiro lugar da World Press Photo na categoria de desporto

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O voo do bodyboarder Jaime Jesus no mar da Nazaré valeu a Miguel Barreira o terceiro lugar do World Press Photo 2007 na categoria de desporto Miguel Barreira

O “medo” de Jaime Jesus, um bodyboarder de 20 anos, da Figueira da Foz, a cair de uma onda de quatro metros na Praia do Norte, na Nazaré, trouxe até Portugal, para as mãos de Miguel Barreira, fotógrafo do diário desportivo Record, o terceiro lugar da categoria de Desporto dos prémios World Press Photo. Miguel Barreira é o segundo português a conseguir este reconhecimento. O primeiro foi Eduardo Gageiro, em 1974, com uma fotografia do general Spínola.

Jaime, que se dedica totalmente ao bodyboard e que corre actualmente o circuito mundial da modalidade, estava ontem de malas aviadas para o Havai. Mas ainda foi a tempo de saber que o medo que diz ter sentido, em Dezembro passado, na Praia do Norte da Nazaré, durante o campeonato de ondas grandes Nazaré Special Edition, enquanto um turbilhão de ondas gigantes se preparava para o engolir, originou uma das “imagens do ano”, segundo a prestigiada organização World Press Photo.

“Primeiro senti medo. Depois concentrei-me e tentei manter a calma para aguentar o máximo tempo debaixo de água e esperar que as ondas acalmassem”, diz Jaime Jesus, que confessa ter engolido alguma água. “Eram ondas de quatro a seis metros, consistentes”, diz sobre o turbilhão que o fez voar.O momento só chegou a Jaime para um sexto lugar no campeonato. Mas valeu a Miguel Barreira, o fotógrafo que imortalizou Jaime suspenso no ar, agarrado à prancha, o terceiro lugar da categoria de Desporto entre as melhores imagens de desporto do ano de 2007.

Miguel Barreira, fotógrafo do Record há nove anos e surfista há 20 anos, sabia que aquele era um momento especial. E soube que a foto conseguida era especial: “Pelo ângulo invulgar, achei que esta era uma foto especial”. E confirmou essa sua sensação quando o director da Movement, considerada uma das mais prestigiadas revistas de bodyboard do mundo, a quem enviou a foto, a classificou como a trippy shot, uma imagem louca. Sai na edição da revista do próximo mês.

“Ele perguntou se a consegui de helicóptero e eu ri-me”, diz Miguel, que conta que, de um dos morros típicos da Nazaré, numa fortaleza que dá para a Praia do Norte, conseguiu esta “perspectiva de pássaro que observa este momento de caos”. “Ele quer sair da onda, mas não consegue.”

O prémio que Miguel Barreira agora conquistou não tem remuneração, ao contrário do vencedor absoluto, que leva para casa dez mil euros. Mas é a reputação de ter conseguido um feito que poucos fotógrafos no mundo conseguem alcançar que conta. E fica para a história como o segundo português a alcançar este patamar: o primeiro foi Eduardo Gageiro, no ano da revolução de Abril. Um segundo lugar na categoria de retrato de celebridades, com uma foto de António Spínola, confirmou o PÚBLICO com a World Press Photo na sua sede, na Holanda.

“Considero esta foto apenas uma dentro do meu trabalho”, remata Miguel Barreira, sobre o trabalho agora reconhecido.

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