Viana candidatou Festas da Agonia à classificação de Interesse Turístico
Autarquia espera que a classificação ocorra antes de Agosto, o mês da romaria.
A candidatura da romaria, cuja existência já era referida no século XV, à Declaração de Interesse para o Turismo foi entregue, esta segunda-feira, pela Câmara Municipal à Entidade Regional de Turismo Porto e Norte de Portugal (ERTPNP), que, por sua vez, a remeterá para a Secretária de Estado do Turismo e ao instituto Turismo de Portugal.
A decisão final deverá ser conhecida dentro de 40 dias, ainda antes do arranque da edição 2013, que vai decorrer de 16 a 20 de Agosto, este ano com O mar como tema. O autor do processo de candidatura, apresentado esta segunda feira, em conferência de imprensa, foi Francisco Sampaio que, durante mais de duas décadas, liderou a extinta Região de Turismo do Alto Minho (RTAM). Em cerca de 60 páginas e mais de 60 mil caracteres, Sampaio, considerado um dos maiores especialistas na romaria, explica as razões históricas e o objectivos que o município pretende alcançar com a classificação, numa tentativa de “valorizar o turismo religioso como uma aposta turística local. Para Francisco Sampaio, que desde 2002 persegue esta classificação, as festas da Agonia, “são únicas e, como tal, merecem ter esta distinção”.
O projecto, segundo a Câmara de Viana, ganhou novo impulso, em Setembro do ano passado, quando a cidade foi palco da quinta edição das Jornadas Luso-Galaicas de Turismo Cultural e Religioso. A investigação, que foi conduzida por Francisco Sampaio e envolveu a Diocese e a Real Irmandade de Nossa Sra. D’ Agonia, começou então a ganhar forma. Para o presidente da câmara , José Maria Costa, o pedido agora formalizado de classificação justifica-se plenamente: além dos cerca de 750 mil pessoas que, segundo a organização, visitam a cidade nos dias da romaria, as festas inscrevem-se num “contexto religioso muito forte” e conseguiram uma “projecção nacional e internacional" que converteram a romaria de Viana do Castelo na "maior de Portugal”.
No dossier de candidatura é referido que as origens da Romaria de Nossa Senhora d’Agonia remontam a uma via-sacra referenciada em documentos do século XV. No local onde hoje se encontra o Santuário de Nossa Senhora da Agonia foi construída, em 1674, a Capela do Bom Jesus do Santo Sepulcro. A devoção à padroeira dos homens do mar surgiria em 1751, quando a imagem da santa entrou na capela, o que fez aumentar de forma considerável o número de promessas e ofertas.
A igreja dedicada à santa começou a ser construída em 1774 e, nove anos mais tarde, a Sagrada Congregação dos Ritos concedeu licença para que todos os anos pudesse ser celebrada naquele local, a 20 de Agosto, uma missa solene, dia que ainda hoje é feriado municipal. A Procissão ao Mar teve origem na benção dos navios bacalhoeiros que começou a realizar-se em 1948. Actualmente é um dos momentos mais emblemáticos das festas e atrai à zona da Ribeira, onde vive e trabalha a comunidade piscatória, milhares de pessoas e centenas de embarcações de barcos, que levam a imagem da padroeira ao mar e ao rio.
No regresso ao santuário, a imagem da santa percorre as principais artérias da Ribeira, cobertas de tapetes floridos confeccionados pelos pescadores durante toda a noite. A romaria inclui ainda o desfile da mordomia e o cortejo etnográfico que este ano será dedicado ao mar.