Tornado do Algarve vai custar quase três milhões às seguradoras

Líder da Associação Portuguesa de Seguradores critica promessas de apoio do Governo a quem não fez seguro

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Foram participados 130 casos de dano em viatura própria Joana van Hellemond

O tornado que afectou o Algarve no dia 16 gerou perto de 700 sinistros cobertos por seguros, cujo custo global para as seguradoras supera os 2,6 milhões de euros, disse à Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Seguradores.

Segundo Pedro Seixas Vale, estes são “dados preliminares”, mas, “passado uma semana [do sinistro], 90 a 95% das participações já foram feitas” e o custo final não deverá ultrapassar os três milhões de euros.

“É muito semelhante ao tornado de Ferreira do Zêzere, em Tomar, que aconteceu há cerca de um ano”, afirmou à Lusa. De acordo com o presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), o número total de habitações e veículos afectados pelo tornado de Silves e Lagoa terá sido “praticamente o dobro”, mas os restantes não estavam segurados, pelo que o sector segurador só irá indemnizar metade dos prejuízos.

Salientando a importância da protecção conferida pelos seguros, sobretudo em “momentos de crise como o que se está a passar”, Pedro Seixas Vale considerou “pouco razoável” o anúncio feito pelo secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, Marco António Costa, de que o Governo irá, através de um fundo de emergência, cobrir “todas as situações [não cobertas] que se justifiquem socialmente”.  “É pouco razoável, porque faz com que as pessoas que não fizeram um seguro tenham o mesmo tipo de indemnização, o que não é justo em relação às pessoas que pagaram os seguros. É fazer depender tudo do Estado. As pessoas não têm a sua protecção bem feita e, depois, aparece sempre o Estado a dizer ‘coitadinhos, coitadinhos’ e os cidadãos não são coitadinhos, têm que também ter responsabilidades”, sustentou.

Na sua opinião, é em momentos como o actual que “as pessoas têm que pensar que não podem ter determinado tipo de eventos que lhes causam um prejuízo muito grande, porque já não têm poupanças suficientes”. “A média destes sinistros é de 4000 euros líquidos, o que, para algumas pessoas, significa 70 ou 80% do rendimento anual. Pagar meia dúzia de euros por mês para ter estes seguros, às vezes, compensa perfeitamente”, defendeu Seixas Vale.

Os dados avançados à Lusa pela APS destacam os seguros multi-riscos habitação como os “mais afectados” pelo sinistro do Algarve, sendo responsáveis por 500 participações, com custos globais na ordem dos 1,8 milhões de euros. Já ao abrigo do seguro multi-riscos comércio e indústria foram abertos 50 sinistros, com custos de 400 mil euros, e na cobertura de danos próprios de seguros de automóvel foram registados mais de 130 sinistros que custarão quase 500 mil euros às seguradoras.

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