Temporal no Nordeste da Madeira desaloja famílias de seis casas destruídas

Habitantes do Porto da Cruz, a freguesia mais atingida, viveram momentos de pânico na madrugada de sexta-feira.

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Câmara chegou a ponderar a evacuação dos locais mais afectados Victor Caldeira

No balanço à intempérie, o governante apontou como principais consequências da forte precipitação a destruição de seis habitações, sendo cinco no concelho de Machico e uma no de Santa Cruz, com o desalojamento de seis famílias. Dos cinco feridos registados no Porto da Cruz, apenas um se encontra hospitalizado, “mas o seu estado não é grave”, frisou Cunha e Silva.

As chuvas intensas, registadas entre as 22h de quinta-feira e as três da madrugada de sexta, provocaram o deslizamento de terras, inundações, galgamento dos leitos das ribeiras, de que resultou o encerramento de várias estradas e a destruição de algumas viaturas e de propriedades agrícolas. Foi também afectado o fornecimento de água potável e de energia eléctrica no Porto da Cruz, Santo da Serra e Portela.

Apesar de o maior valor da quantidade de precipitação registado no Santo da Serra ter atingido os 100,3 mm em três horas, próximo do nível verificado no Funchal a 20 de Fevereiro de 2010, o vice-presidente do governo madeirense considera que “de modo algum [se pode] comparar com o temporal” de há três anos. Essa tragédia provocou meia centena de mortos e danos materiais avaliados em cerca de mil milhões de euros, motivando uma onda de solidariedade nacional e a assistência financeira por parte do Governo da República na ordem dos 740 milhões de euros.

Cunha e Silva revelou que desta vez o executivo madeirense não iria “bater à porta de Lisboa”. “Noutras circunstâncias não fomos bem-sucedidos.” “Isso seria pedir esmola a um pobre”, acrescentou.

Apesar de os estragos não atingirem a dimensão do temporal que em 2010 assolou a zona sul da ilha, sobretudo entre o Funchal e a Ribeira Brava, a intempérie foi, na opinião de habitantes do Porto da Cruz e de entidades locais, “pior que o 20 de Fevereiro”. “A população desta freguesia viveu momentos de pânico” e uma “situação de catástrofe completa”, devido à forte precipitação, sublinhou o presidente da Câmara de Machico, Ricardo Franco.

Segundo o autarca, o mau tempo originou inúmeras derrocadas, danificando casas e carros e provocando ferimentos em várias pessoas que foram transportadas para o centro de saúde de Machico. Várias estradas estiveram condicionadas ou fechadas devido a derrocadas, isolando diversas localidades.

No concelho de Santa Cruz a chuva intensa originou igualmente derrocadas e deixou algumas estradas “intransitáveis”, refere Filipe Sousa, o novo presidente da câmara. “No sítio da Ribeira, em Santa Cruz, chegou a ser ponderada a evacuação [a deslocação] dos moradores, tendo o presidente solicitado alojamento no Hotel Santa Cruz, que, contudo, acabou por não ser necessário, dadas as melhorias entretanto registadas ao nível da pluviosidade”, disse o município em comunicado.

Também no concelho de Santana, na zona norte da ilha, a chuva inundou a escola que nesta sexta-feira esteve encerrada para actividades lectivas. O Serviço Regional de Protecção Civil anunciou que quatro estradas foram encerradas e outras duas condicionadas, estando a decorrer intervenções, envolvendo serviços do governo e dos municípios, para tornar transitáveis as vias afectadas. Por coincidência, tanto o presidente do governo regional, Alberto João Jardim, como o presidente da Protecção Civil, Luís Nery, voltaram a estar ausentes da região durante um temporal.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê uma melhoria das condições meteorológicas durante o fim-de-semana e na segunda-feira. Associados a uma depressão e sistemas frontais activos, deverão ocorrer períodos de chuva e aguaceiros nas próximas terça e quarta-feira.
 
 

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