Souto de Moura desenha museu da cultura sefardita em Bragança

Arquitecto vai projectar espaço que ficará num edifício contíguo ao Centro de Arte Contemporânea Graça de Morais, da sua autoria.

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espaço dedicado à cultura sefardita ficará junto ao Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, na foto Nelson Garrido

O projecto foi apresentado numa cerimónia que serviu para oficializar o protocolo entre Câmara de Bragança e a Rede de Judiarias de Portugal para os conteúdos do Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano. O espaço foi projectado por Souto Moura, no edifício contíguo ao Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, também da autoria do arquitecto português distinguido com o prémio Pritzker.

A entrada para os dois espaços culturais será conjunta, segundo explicou o presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, sublinhando o “reforço da oferta cultural” da cidade com mais este investimento de 1,2 milhões de euros. O autarca a credita que esta aposta “engrossará a fileira do turismo” com motivos de interesse para “aqueles que querem conhecer a arquitectura e o grande arquitecto português Souto de Moura, mas também para a comunidade sefardita espalhada pelo mundo”.

O centro terá conteúdos interactivos que vão dar a conhecer aos visitantes o que foi a presença sefardita nesta região. “Ajudará a conhecerem um povo que aqui se fixou, que desenvolveu social e economicamente esta região, que foi inovador, teve de partir daqui em condições adversas e que conseguiu chegar aos lugares mais avançados do mundo e se afirmou”, disse, apontando os exemplos dos médicos Jacob de Castro Sarmento e Oróbio de Castro.

Este novo espaço poderá fazer de Bragança “o centro de um futuro roteiro do judaísmo em Trás-os-Montes”, adiantou o secretário-geral da Rede de Judiarias de Portugal, Jorge Patrão. Outros municípios da região estão a desenvolver trabalho com vista à criação de uma rota do judaísmo em Trás-os-Montes e, para Jorge Patrão, este pode ser o início de um projecto mais vasto que ajude a valorizar a herança judaica espalhada pelas aldeias e a própria região.

“Podem despovoar as nossas terras, podem depauperar a economia do Interior do país, podem levar todos os interesses para o litoral, mas há uma coisa que não podem tirar às nossas terras, que é a sua história e a sua identidade”, considerou.