A peça deverá ser esculpida em bronze e ter cerca de quatro metros de altura. A autarquia, que ainda está a acertar pormenores com o artista septuagenário, quer o trabalho pronto daqui a cinco meses. Resta saber o que irá acontecer ao polémico monumento inaugurado em 1991 pelo próprio Santana Lopes, que então desempenhava as funções de secretário de Estado da Cultura.

Foi no Verão passado que o presidente da Câmara de Lisboa anunciou, numa entrevista televisiva, pretender retirar o conjunto escultórico do Areeiro e lançar um concurso de ideias para a construção de uma estátua de corpo inteiro evocativa do antigo líder do PSD. O escultor Soares Branco mostrou-se na altura ofendido por não ter sido avisado desta intenção:"Magoa-me o facto de ninguém me ter comunicado que se pretende retirar o monumento. Quando fazemos uma obra de arte é como quando nos nasce um filho. Damos-lhe vida e gostamos de acompanhar o seu percurso. Se ele vai morrer, seria simpático dizerem-me".

E mostrou-se disponível para participar no anunciado concurso de ideias, até porque tinha uma maquete de corpo inteiro de Sá Carneiro que pretendia desenvolver. Mas afinal Santana Lopes abdicou do concurso em prol de um convite directo a Soares Branco. Porquê? Porque o convite ao mestre "era a opção mais natural, adequada e bonita", justifica o autarca, adiantando que vai apresentar o seu projecto aos vereadores. Este só se tornará realidade se a câmara assim o decidir, assegura, escusando-se a adiantar quanto poderá custar a obra.

O monumento existente no Areeiro resultou de uma subscrição pública lançada pelo jornal "O Dia". A verba arrecadada com este expediente viria, no entanto, a revelar-se insuficiente para as despesas, nomeadamente o pagamento do valor acordado com o escultor. Este resolveu, mesmo assim, levar o projecto em frente."Não fiz uma estátua de corpo inteiro porque não havia nem tempo nem dinheiro para tal, tendo-se optado só pelo rosto de Sá Carneiro, que consegui concluir em três meses", contou na altura em que Santana Lopes anunciou a substituição. Quanto ao monumento inaugurado em 1991, que faz lembrar a muitos uma cabeça decepada, se ninguém o quiser poderá ir parar à Quinta da Raposa, em Mafra, local onde existe já um vasto espólio de Soares Branco.