Rui Rio insiste que Cavaco Silva deve mediar conflito entre Governo e Câmara do Porto
Ministra Assunção Cristas enviou contas da Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto para a Inspecção-Geral de Finanças.
A primeira carta, enviada há duas semanas por Rui Rio ao primeiro-ministro e ao ministro dos Negócios Estrangeiros a pedir a “directa intervenção na resolução” do “absurdo” que envolve a SRU, ficou sem resposta. A revelação é feita numa missiva dirigida pelo presidente da autarquia portuense aos signatários da Carta Aberta ao Governo de Portugal -- Em defesa do Crescimento Económico e do Respeito pelo Porto, a que a Lusa teve acesso.
“Resta-me informar que, até hoje, nenhuma destas três personalidades nos respondeu”, observa Rui Rio, na nota dirigida aos subscritores da Carta. O autarca explica que o pedido de intervenção a Paulo Portas, ministro dos Negócios Estrangeiros, é feito “na sua qualidade de líder do CDS”, partido a que pertence a ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território. Assunção Cristas,que tutela a SRU, revelou hoje ter enviado as contas de 2012 da empresa para a Inspecção Geral de Finanças (IGF).
Rio refere-se também à audiência solicitada ao Presidente da República, pedido também sem resposta, explicando que pretende “de viva voz”, dar-lhe “conta dos últimos desenvolvimentos” de um processo que Cavaco Silva “conhece desde que, em Janeiro de 2012, visitou o Porto e se inteirou com particular interesse do projecto de reabilitação urbana”.
A missiva serve para o autarca fazer um ponto de situação das diligências levadas a cabo após 25 de Maio, altura em que foi divulgada a Carta Aberta que tem como primeiros subscritores o economista e ex-ministro das Finanças Miguel Cadilhe, o fundador do PSD Miguel Veiga, o empresário Américo Amorim, o candidato do PS à Câmara do Porto Manuel Pizarro e o ex-ministro Arlindo Cunha, entre outros. O presidente da Câmara do Porto revela ainda a quem assinou a carta, disponível na Internet, a intenção de enviar a Passos, Portas e Cavaco “uma lista actualizada dos subscritores” da mesma, que de acordo com fonte da autarquia são “quase 1500”.
A empresa de capitais públicos (60% do Estado, 40% da Câmara do Porto) viu as contas de 2012 chumbadas em Abril pelo Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) e aguarda há dois anos que o Governo pague a dívida de 2,5 milhões de euros referentes à reposição do prejuízo de 2010 e 2011. Na carta, os subscritores apelam ao Governo que “pondere toda a actuação do Estado na ‘PortoVivo, SRU’, que não provoque a falência da empresa, que pague a sua dívida, que colabore activamente no projecto de reabilitação da Baixa portuense e de animação da actividade económica e que não desconsidere o Porto”.