Requalificação das dunas foi um sucesso em São João da Caparica
Autarca de Almada diz que foi possível recuperar um quilómetro de cordão dunar com poucos meios e que o exemplo pode ser alargado a outras zonas do concelho e do país.
“Era bom que esta experiência fosse prolongada a outros locais da região, designadamente às praias do sul da Costa da Caparica, onde o sistema dunar também está ameaçado, mas também a outras zonas do país”, disse o autarca da CDU, salientando a importância do projecto que permitiu recuperar mais de um quilómetro do cordão dunar e, simultaneamente, requalificar sete apoios de praia.
“O projecto ReDuna [Recuperação e Restauração Ecológica do Sistema Dunar de S. João da Caparica] é uma experiência muito interessante, que tem tido o sucesso que se está aqui a demonstrar, é relativamente barato e tem um resultado fantástico, porque, sem alterarmos aquilo que é a paisagem de que as pessoas tanto gostam, e até qualificando essa paisagem, asseguramos uma boa proteção da nossa frente dunar”, acrescentou Joaquim Judas.
O presidente da Câmara de Almada recordou que o investimento global foi de 250 mil euros, montante financiado a 100% pelo Programa Operacional Temático Valorização Territorial (POVT). “Através de meios naturais é possível defender o ambiente e corrigir danos provocados por situações críticas, como foi o caso das tempestades [Hércules e Cristina] no ano passado, na Costa da Caparica”, disse o autarca à agência Lusa.
O projecto ReDuna surgiu na sequência de uma proposta do município de Almada à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para uma candidatura ao POVT, dada a importância dos sistemas dunares nas praias da Costa da Caparica, enquanto barreiras físicas naturais resistentes à acção dos ventos e das ondas, principalmente durante as tempestades de inverno.
Segundo Patrícia Silva, botânica do Departamento de Estratégia e Gestão Ambiental Sustentável da Câmara de Almada, a recuperação das dunas de S. João da Caparica, que teve a colaboração de diversas entidades, designadamente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, foi um “um sucesso”. “Fizemos plantação de plantas criadas em viveiro, e de plantas que já existem no sistema dunar, e vamos fazer sementeiras, a partir das sementes recolhidas destas plantas”, disse Patrícia Silva, salientando o papel fundamental da `ammophila arenaria´ (estorno), uma planta que desenvolve raízes verticais e longitudinais e que deverá ser “a grande estruturadora da frente dunar”.
“Temos dois conjuntos de plantas: as da frente dunar, que estão habituadas a esta dinâmica toda de erosão, agressão e hidrodinamismo - o elymus farctus (feno das areias) a ammophila arenaria (estorno) e o eryngium maritimum (cardo rolador), e um outro conjunto de plantas auxiliares, na duna secundária”, disse.
Segundo Patrícia Silva, nas dunas secundárias há uma grande aposta na artemisia vulgaris, a par de outras plantas que deverão ajudar a criar maior biodiversidade.