Protesto não impediu fecho dos Correios na freguesia lisboeta de Carnide
Estação foi encerrada nesta quinta-feira, ao final da manhã. Autarca garante que não vai baixar os braços.
Na quarta-feira, ao final da tarde, o autarca entrou na estação com dezenas de moradores e recusou-se a sair enquanto a administração dos CTT não se mostrasse disponível para uma reunião. “Soube, por portas travessas, que a estação ia encerrar ontem [quarta-feira]. Disse que só saía se me recebessem e garantissem que o posto não ia fechar”, conta Paulo Quaresma. Às 23h, a administração cedeu e marcou um encontro para esta quinta-feira, às 12h30, com a promessa de que o posto se manteria aberto.
A reunião terminou às 14h10 e, menos de 15 minutos depois, os CTT enviaram um comunicado às redacções, dizendo que se confirma o encerramento definitivo do posto. O serviço foi transferido para os três balcões mais próximos, “como previsto”: um na Rua da Fonte, no centro histórico da freguesia; outro no Bairro Padre Cruz; e o terceiro no Centro Comercial Colombo, a 500 metros dali.
“Às 14h em ponto disseram-me que a estação ia fechar para almoço e não voltaria a abrir”, afirma Paulo Quaresma. Quando falou ao PÚBLICO, por volta das 15h30, estava em frente da estação a informar a população. “Não têm informação nenhuma à porta”, lamenta, criticando a “postura incorrectíssima” da empresa.
No comunicado, os CTT sublinham que a transferência “era do conhecimento da junta de freguesia, que explora um dos dois postos de Correio propositadamente abertos para viabilizar esta transferência, sendo remunerada por isso pelos CTT”. E acrescentam “nunca ter acordado nenhuma data com esta autarquia para a transferência desta estação”, o que “está documentado”.
“Isso é falso”, contrapõe Paulo Quaresma. Segundo o autarca, há dois anos foi estabelecido um acordo entre a empresa e a junta, no sentido de manter aquele posto aberto até ao final de 2014 e de abrir outro no Bairro Padre Cruz, onde oito mil pessoas tinham de se deslocar às estações da Pontinha (Amadora). “Abrimos o posto no Bairro Padre Cruz e recebemos 170 euros por mês por isso, mas nada tem a ver com o posto da Quinta da Luz”, afirma. Além disso, no Colombo “a fila de espera é de duas horas”, garante.
Os CTT ressalvam que a freguesia continua a ser servida por uma estação (operada directamente pela empresa), dois postos (geridos por parceiros), três postos de venda de selos e três agentes Payshop. “Uma vez que o serviço continua a ser prestado em balcões dos Correios muito próximos, e tratando-se de Lisboa onde a densidade de balcões dos Correios é muito elevada, os CTT estimam que o impacto da transferência para a população é nulo”, sublinha a empresa, que garante a manutenção da distribuição postal e dos postos de trabalho.
A administração argumenta que os serviços naquela zona estavam “sobredimensionados”e que, entre 2007 e 2011, a estação de Carnide perdeu um terço dos clientes (-27%). Paulo Quaresma garante não baixar os braços e promete lutar pela manutenção da estação, que serve 13 mil pessoas.