Prazos para a chegada do metro de Lisboa ao Aeroporto descarrilaram

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Estimativa aponta para 13,5 milhões de passageiros logo no primeiro ano entre Oriente e Aeroporto Foto: Pedro Cunha

Em construção desde Fevereiro de 2007, o troço do Metropolitano de Lisboa que vai ligar o Oriente ao Aeroporto tem conclusão prevista para "o quarto trimestre de 2011". A obra de prolongamento da Linha Vermelha, com uma extensão de 3,6 quilómetros e que incluirá as estações Moscavide, Encarnação e Aeroporto, deverá custar 226 milhões de euros.

Quando os trabalhos arrancaram, já depois de ter sido indeferida uma providência cautelar interposta por um dos concorrentes preteridos para a realização da obra, a inauguração foi anunciada para 2010. Com o avançar das obras essa previsão caiu por terra, levando a que há exactamente um ano o então presidente do Metropolitano de Lisboa, Joaquim Reis, optasse já por falar no primeiro semestre de 2011.

Questionado pelo PÚBLICO sobre o assunto, o Metropolitano de Lisboa fez saber ontem através da sua assessoria de imprensa que "prevê concluir o prolongamento Oriente-Aeroporto no quarto trimestre de 2011". Quanto ao andamento dos trabalhos, a transportadora não quer falar em "dificuldades" mas sim em "desafios técnicos", destacando nesse âmbito "a execução do túnel de via dupla, junto à estação Moscavide sob o Aqueduto do Tejo, seguido de uma área de ligação de secções variáveis onde a abóbada do túnel toma larguras expressivas".

Com esta obra, que tem uma extensão de 3,6 quilómetros e inclui três novas estações, o Metropolitano de Lisboa prevê conquistar 13,5 milhões de passageiros no primeiro ano de funcionamento, "entre os quais se estimam 1,5 milhões de clientes novos". Números que, tal como aconteceu com o prazo para a concretização da empreitada, têm vindo a crescer com o passar do tempo: há um ano a empresa previa apenas 9,9 milhões de passageiros no primeiro ano de actividade e 10,6 milhões após o quarto ano de operação.

Em relação às características arquitectónicas das futuras estações de Moscavide, Encarnação e Aeroporto, o Metro explicou ontem, em respostas por escrito, que estas "apresentam uma tipologia caracterizada por átrio central com cais laterais", convergindo os acessos existentes à superfície para um único átrio no interior. Esta solução, acrescenta a empresa, "é vulgarmente utilizada na rede de metro e tem vindo a ser utilizada desde o prolongamento da Linha Azul ao Colégio Militar".

Para a estação Aeroporto está confirmada a "intervenção plástica do cartoonista António Moreira Antunes", mais conhecido como António. Um dos mais polémicos e conhecidos trabalhos do cartoonista, que semanalmente publica no Expresso, é um cartoon de 1993 em que António representava o Papa João Paulo II com um preservativo no nariz.

Segundo a última estimativa, levar o metro ao Aeroporto representará "um investimento máximo de 226 milhões de euros". O concurso para a instalação da via-férrea ainda está a decorrer.

Projecto para levar o metro até Loures foi abandonado

O anúncio foi feito a poucos meses das eleições legislativas e das eleições autárquicas de 2009: o Metropolitano de Lisboa ia finalmente estender-se para o interior de Loures, respondendo aos apelos repetidos ao longo de anos por autarcas e moradores cansados do martírio diário que era chegar a Lisboa. E, imagine-se só, seriam duas - e não apenas uma - as linhas de metro a desbravar aquele concelho. O único senão é que esses planos foram entretanto abandonados - sem que disso tenha sido feita qualquer publicitação - com a entrada em funções do novo Governo, eleito no ano passado.

"Tudo isto não passou de uma encenação feita pela câmara de maioria socialista e pelo Governo do mesmo partido para iludir as pessoas em tempo de eleições", conclui o vereador Paulo Piteira, eleito na Câmara de Loures pela CDU. Uma "desconfiança" que o autarca tinha desde Julho de 2009 (quando as expansões do metro ao concelho foram anunciadas) e que se confirmou no mês passado, quando a autarquia foi chamada a pronunciar-se sobre a proposta técnica final de alteração do Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa, na qual nada se dizia sobre o projecto.

"Lamentamos profundamente que tenham enganado e iludido deliberadamente as pessoas do concelho", diz Paulo Piteira, lembrando que Loures ficou mais uma vez "sem qualquer perspectiva de ter um transporte público pesado". E isto, sublinha o vereador da CDU, "é um problema dramático para muitas dezenas de milhares de pessoas" que todos os dias precisam de se deslocar à capital.

Paulo Piteira considera que uma boa solução seria de facto levar o metro a Loures, mas "não necessariamente como o que conhecemos em Lisboa", mas também alargar a oferta em transporte público rodoviário em termos de rede e número de veículos.

Em 2009, a então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, anunciou que as linhas Amarela e Vermelha iam chegar a Loures no fim de 2015, graças a um investimento, de 565 milhões de euros, que iria "revolucionar a mobilidade das populações" e "pôr cobro a anos de indefinições e de expectativas não correspondidas". Já em Dezembro o seu sucessor, Carlos Correia Fonseca, defendeu que o metro devia expandir-se dentro da cidade de Lisboa e não na periferia, como aliás vinham defendendo publicamente diversos técnicos da área.

Linha Vermelha chegou a S. Sebastião há um ano

O prolongamento do metropolitano entre a Alameda e São Sebastião gerou um aumento de 23 por cento no movimento de passageiros da Linha Vermelha. A obra, que permitiu unir as quatro linhas do metro, teve um custo de 210 milhões de euros e foi inaugurada há um ano. Logo nos primeiros quatro meses de funcionamento, a transportadora notou um aumento significativo do tráfego naquele percurso, com 9,85 milhões de passageiros, contra 7,47 milhões no mesmo período de 2008. A empresa conclui que "o prolongamento encontra-se a funcionar de acordo com o expectável".

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