Petição pelo fim da garraiada na Queima do Porto já reuniu 3200 assinaturas
A petição pelo fim da garraiada na Queima das Fitas do Porto acontece pelo segundo ano consecutivo e já tem mais de 3000 assinantes. A Federação Académica do Porto diz que a decisão depende das Associações de Estudantes.
Duas estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) lançaram, pelo segundo ano consecutivo, uma petição para pôr fim à garraiada que decorre durante a Queima das Fitas do Porto. No ano passado, a petição foi assinada por 3743 pessoas e este ano, numa semana, já atingiu mais de 3000 assinantes.
Joana Rocha e Sónia Marques declaram, em comunicado, que pretendem que “a Federação Académica do Porto (FAP) ouça os estudantes e restante comunidade e impeça que a garraiada manche as tradições académicas este ano e nos seguintes”. Além do mais, repudiam que FAP fnancie a garraiada, que, segundo as alunas, “nada tem a ver com a missão que guia as associações de estudantes”. A petição não se restringe à comunidade estudantil, estando aberta a qualquer signitário uma vez todos podem assistir à garraiada e o “sofrimento animal é um assunto que diz respeito a todos”.
Joana Rocha explicou ao PÚBLICO que “esta é a primeira vez que a comunidade académica portuense tem oportunidade para se fazer ouvir sobre este assunto”. A realização da garraiada é votada numa assembleia de todas as Associações de Estudantes (AE) da Universidade do Porto e no ano passado a AE da FEUP votou a favor, sem consultar a comunidade que representa, segundo as duas estudantes de Bioengenharia: “Como estudantes, nunca fomos consultados”. Sónia Marques defende que “só a partir do momento que os estudantes tomem a palavra é que se pode decidir”.
Acrescenta que, a partir da plataforma que criaram no Facebook, conseguem ter um feedback realista das posições dos estudantes portuenses sobre o assunto. “A adesão à garraiada é cada vez menor, e há mais gente a posicionar-se contra ela.”.
Daniel Freitas, presidente da Federação Académica do Porto, assegura que “há anos que a questão da garraiada tem vindo a ser discutida na FAP”. Também ele reconhece que tem havido uma ligeira diminuição na adesão ao espectáculo, mas que a inclusão do evento na Queima depende exclusivamente dos votos das AE em assembleia geral. “Não actuamos nunca contra a vontade das AE, são as associações que expressam o seu voto e decidem relativamente a estes assuntos. No ano passado e há dois anos houve uma assembleia específica para a questão da garraiada, e este ano também haverá”.
O estudante, também da FEUP, diz que a garraiada “é um evento que se paga sozinho”, com uma pequena margem de lucro, e que por isso a manutenção ou não do evento nunca dependerá de questões financeiras, será sempre por questões políticas e pela vontade expressa pelos estudantes. No ano passado participaram à volta de mil pessoas no evento na Praça de Touros da Póvoa de Varzim.
Em Coimbra, a Queima das Farpas ergue exactamente a mesma bandeira pelo fim da farraiada nos festejos académicos. Ana Bordalo, da Queima das Farpas, explica que em Coimbra a garraida dá prejuízo desde 2008: Nesse ano o prejuízo que a Associação Académica de Coimbra teve foi de 5 mil euros, em 2014 foi de cerca de 20 mil. A estudante não consegue compreender o porquê da manutenção deste evento, já que “há anos que não há notícias do Coliseu da Figueira encher para a Garraiada". No ano passado conseguiram juntar mais de 3000 assinaturas para acabar com a Garraiada na Queima de Coimbra.
Texto editado por Ana Fernandes