Pescador morre em naufrágio na Figueira da Foz
Embarcação de pesca era das Caxinas, Vila do Conde, e nela seguiam mais quatro homens, que foram salvos por outro barco. Vítima mortal era o mestre.
Segundo o comandante do porto da Figueira da Foz, o capitão Paulo Inácio, os restantes quatro pescadores foram resgatados pela Estrela Cadente, outra embarcação de pesca daquela comunidade nortenha. Vários barcos participaram nas buscas pelo desaparecido, o mestre Armindo Postiga, apoiando os meios da capitania e da estação salva-vidas local, que conseguiram, em pouco tempo, detectar o pescador de 50 anos, que foi encontrado já sem vida.
Os outros quatro pescadores chegaram ao início da tarde ao porto, onde eram esperados por meios de emergência dos bombeiros locais e do INEM. Foram transportados para o hospital local, mas apenas um deles, o mais novo, inspirava algum cuidado, sendo sujeito a exames complementares, por apresentar queixas nas zonas lombar e cervical. De acordo com José Grilo Gonçalves, director clínico do Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF), os quatro homens têm entre 27 e 48 anos.
O mais novo "foi visto por um cirurgião e tem os parâmetros absolutamente normais. Está consciente e perfeitamente orientado, mas choroso, porque era cunhado do mestre" da embarcação, revelou. "O doente, enquanto se queixa, tem sempre razão", avisou o director clínico, explicando que o pescador "necessita de apoio psicológico e alguma vigilância física". Os restantes três pescadores "estão bem, embora tristes": "pediram alimentos, dois já tomaram banho e deverão ter alta ao final do dia", frisou.
De acordo com o relato que lhe foi feito pelo pescador, José Grilo Gonçalves indicou que o homem "atirou-se à água" quando a embarcação Ruben e Sandra se virou. "Dois pescadores ficaram no topo da embarcação, dois atiraram-se à água e o mestre ficou debaixo do barco, vindo a falecer", acrescentou o director clínico, adiantando que terá sido a única vítima mortal a "pedir socorro" a embarcações nas proximidades.
Desconhecem-se ainda as causas do naufrágio, que aconteceu por volta do meio-dia, mas pelos dados recolhidos pelo comandante Paulo Inácio junto das outras embarcações de pesca, o estado do mar, com vaga de dois metros e algum vento, não deverá ter sido o factor principal. Testemunhos ouvidos pela TVI 24 no Estrela Cadente, explicavam que a motora estava a alar redes de pesca, e é possível que estas tenham ficado presas num fundo pedregoso, desequilibrando a motora, que acabou por se afundar, admitiam.
Em todo o caso, só a investigação mais aprofundada que se seguirá vai permitir apurar as circunstâncias exactas em que tudo aconteceu.
A embarcação de pesca costeira artesanal Ruben e Bruna tinha cerca de 13 metros de comprimento, e, como várias embarcações de Vila do Conde e da Póvoa de Varzim, costumava operar a partir do porto da Figueira da Foz, onde se registou um dos últimos acidentes graves com pescadores desta comunidade - o naufrágio do Jesus dos Navegantes, em Outubro de 2013. Nessa altura, o barco que agora se afundou participou nas buscas.
Este é o segundo acidente grave com embarcações das comunidades piscatórias de Vila do Conde e da Póvoa de Varzim, este ano. A 14 de Janeiro a motora Santa Maria dos Anjos naufragou ao largo de Sintra, depois de ter saído para o mar do porto de Peniche. A bordo seguiam seis homens e só um conseguiu salvar-se, nadando para terra. Os corpos dos restantes tripulantes não foram encontrados.
Ainda em Janeiro, um outro pescador natural da Póvoa de Varzim perdeu a vida no mar, mas a trabalhar no estrangeiro. O português operava num pesqueiro belga que naufragou em Inglaterra, ao largo da cidade de Dover. O seu corpo também não foi encontrado.
No ano passado, esta comunidade viveu ainda o naufrágio do pesqueiro Mar Nosso, no mar das Astúrias. Dos sete pescadores portugueses que iam a bordo, todos da região, cinco perderam a vida neste acidente. Dois corpos não foram resgatados.
Com Lusa