Pavilhão Carlos Lopes poderá acolher espaço museológico dedicado ao atleta
A Câmara de Lisboa aprovou a celebração com a Associação de Turismo de Lisboa de um protocolo que "disciplina a recuperação e utilização" do imóvel no Parque Eduardo VII.
Esse tributo, diz-se no protocolo que vai ser celebrado entre o município e a ATL, poderá “incluir a exposição de objectos e peças, fotografias, exibição de filmes e informação aos utilizadores, em condições a definir”. A minuta desse protocolo, “que disciplina a recuperação e utilização futura do Pavilhão Carlos Lopes em regime de direito de superfície, para eventos de natureza diversa”, foi aprovada esta quarta-feira em reunião camarária, com o voto contra do PCP.
“Mudar de opinião muitas vezes é uma prova de inteligência. Ainda bem que o presidente da câmara mudou de opinião”, reage o vereador do CDS, que na semana passada tinha defendido que a requalificação do imóvel no Parque Eduardo VII incluísse a criação de um espaço museológico que albergasse o espólio de Carlos Lopes. Como essa ideia não foi na altura acolhida pelo executivo camarário, João Gonçalves Pereira anunciou que iria apresentar, em conjunto com o vereador social-democrata Fernando Seara, uma proposta nesse sentido.
Com o protocolo agora discutido, o executivo presidido por Fernando Medina acabou por se antecipar a essa iniciativa. “O presidente não quis escrever que é um espaço museológico mas a descrição que faz é de um espaço museológico”, diz o vereador do CDS, acrescentando que vê como “positiva” esta “mudança de opinião de uma semana para a outra”.
“Era de elementar justiça que este espaço fosse encontrado”, frisa o autarca, criticando que o espólio do atleta esteja hoje “enfiado na garagem em casa dele, em Torres Vedras”. Algo que, considera João Gonçalves Pereira, “só pode envergonhar qualquer português”.
No protocolo que vai ser celebrado com a ATL diz-se ainda que a câmara poderá realizar no Pavilhão Carlos Lopes “até 15 eventos por ano”, “sem custos de aluguer ou outros”. Caso esse limite seja ultrapassado, o município beneficiará de “um desconto de 25% sobre os preços de tabela no aluguer”.
“Estamos a pôr um remendo em pano velho”, avalia o vereador Carlos Moura, do PCP, considerando que aquilo que é proposto “não é satisfatório”. “A câmara tinha os meios, o projecto e os dinheiros do Casino de Lisboa”, nota o autarca, que continua a defender que o município devia assumir a requalificação e a gestão do imóvel histórico e não entregá-las a terceiros.
Quanto à possibilidade de no imóvel nascer um espaço museológico dedicado a Carlos Lopes, Carlos Moura manifesta algumas dúvidas. “Corremos o risco de de hoje para amanhã termos o espólio exposto num centro de congressos. Não é a coisa mais indicada."
Venda da antiga Feira Popular aprovada
Também aprovada nesta reunião de câmara foi a proposta relativa à realização de uma hasta pública para a alienação dos terrenos da antiga Feira Popular, por um valor base de 135,7 milhões de euros. Na votação do documento, que esteve em discussão na reunião da passada semana mas só agora foi votado, PSD, PCP e CDS abstiveram-se.
Carlos Moura justifica o sentido de voto do seu partido dizendo que “apesar de a proposta estar melhorada” em relação à sua versão inicial continua a apresentar problemas. Entre eles o facto de não estar prevista a cedência de equipamentos, nomeadamente culturais, e o de a superfície pavimentada acima do solo prevista (mais de 143 mil m2) ser “muito grande”.
O PSD apresentou uma proposta para que a percentagem mínima de habitação na construção que vier a ser concretizada no local subisse de 20% para 40%, sugestão que mereceu a concordância do PCP e do CDS mas foi rejeitada pela maioria. Algo que o vereador social-democrata Fernando Seara lamenta, sublinhando que se se quer promover "o regresso da população a Lisboa" é preciso que sejam "criadas condições". O autarca defende ainda que o valor que for arrecadado com a alienação deste terreno deve ser "canalizado para a redução da dívida" do município.